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- Tem certeza que não vai ir pra faculdade? - Tom pergunta, vendo eu me trocar.

- Tenho, quero aproveitar nosso último momento juntos - confirmo, fechando o zíper da minha calça.

- Nossa, até parece que nunca mais vamos nos ver - ele levanta, ainda sem roupa, me abraçando. Seu corpo é tão perfeito.

- Mas não sei quando te verei novamente... - sinto sua pele quente contra o meu rosto.

Astrid disse que mamãe faria uma janta para os meninos, que irão pegar um voo às 01:00 da madrugada. Optei por não ir à faculdade. Espero que minha professora não me mate.
Tom se troca e vamos até a minha casa. Chegando lá, todos me olham estranho.

- Boa noite para vocês também - analiso os rostos ali presentes - Que cara de cu são essas?

- Você não deve ter visto seu celular, não é? - Astrid se aproxima, me envolvendo em seus braços - Te liguei mil vezes. Estava preocupada.

- Preocupada com o que? - olho para os meninos e para minha mãe, voltando a atenção para minha irmã - Do que você está falando?

Ela me entrega o celular meio exitante. Arregalo os olhos. Inúmeras e inúmeras notícias, fotos, comentários da briga que me envolvi no parque. Vejo o depoimento de uma das amigas da garota que bati,"nós apenas queríamos tirar foto com Tom, mas ela não nos deixou. Ficou dizendo para não tocarmos nele e partiu para a agressão"
Ainda outro depoimento, "ela empurrou nossa amiga no chão sem pensar duas vezes. Tom até tentou ajudar, mas levou um soco da garota também."

Comentários como "puta desgraçada", "sabia que era assim, o que Tom vê nela?", "vai ver é uma chantagista, Tom merece coisa melhor", "ele estava bem melhor com Avril"... estão por toda a parte.
Entendo, meninas espertas... postaram o vídeo sem áudio. Postaram sem áudio só para me ferrar, para que quem assistisse pensasse que só eu tivesse a culpa. Esconderam o real motivo.

- Amelie... - Tom começa, com seu celular em mãos. Ele também viu - você sabe quem está certa.

- Mas do que adianta, só eu saber que estou certa, sendo que o mundo inteiro acha que estou errada? - passo a mão pelos cabelos.

- Eu sei que você está certa, que foi a vítima da história - o Kaulitz mais velho continua.

- Nós sabemos que você está certa - Bill gesticula para todos ali presentes.

- Mas e se acharem que estão inventando coisas, só para me defender? Como vou sair na rua, sem receber olhares de ódio? - meu coração acelera. Me sento. Minha cabeça gira.

- Calma filha - mamãe senta do meu lado - inspira devagar e expira devagar... isso, isso.

- Se eles são nossos fãs de verdade, irão acreditar no que dissermos - Georg diz, tentando ajudar.

- Podemos postar o seu lado da história em forma de vídeo, assim, eles saberão que você não tem medo de se expor - Gustav continua - Que você teve motivo. Teve, não é?

- É claro que teve - Tom responde, como se a pergunta de Gustav tivesse sido um insulto.

- O que aconteceu exatamente? - Bill pergunta, olhando de mim para Tom.

Contamos a história detalhadamente, do meu ponto de vista ao ponto de vista do Kaulitz mais velho. Vejo mamãe e Astrid cerrarem os punhos, ao ouvirem falar do papai.

- Desgraciada, quem ela acha que é, para falar assim dele? Eu a jogaria nos trilhos da montanha russa - fico surpresa com tal fala de Astrid. Esse lado malvado dela, ainda é novo para mim.

- Que tal esquecermos por alguns minutos o que aconteceu, se for possível é claro, é irmos comer? - Tom sugere - Estou morrendo de fome.

- Pensei que você já tinha jantando - Gustav levanta as sobrancelhas em malícia, apontando a cabeça para mim.

- Apenas comi a sobremesa antes da janta - o garoto de dreads pretos me cutuca.

Mamãe e Astrid ficam boquiabertas de surpresa. Confesso que eu também, como Tom consegue dizer as coisas tão abertamente desse jeito? Todos riem e se dirigem até a mesa.
As pessoas já não me odiavam o bastante antes? Agora devem me odiar mil vezes mais. Apesar do esforço, não consigo comer. A comida não desce.

- Não gostou da comida, filha? - mamãe me questiona.

- Não mãe, sei que está boa... só não consigo comer - lanço um olhar de desculpas.

- A comida está muito boa, sogrinha - Tom diz, me arrancando um pequeno riso.

- Adorei essa mandioca sogrinha - Bill fala com uma no garfo, provocando o irmão.

- Essa maionese está uma delícia também - o Kaulitz mais novo enfia um pouco na boca.

- Esses pepinos em conserva estão uma maravilha - o mais novo morde um, fazendo uma careta.

- Pensei que você não gostasse de pepino - Tom ri.

- Agora eu gosto - Bill come todo o pepino com uma careta.

- Que bom que gostaram genrinhos, podiam aproveitar e me ajudar a lavar a louça depois. Adoraria - mamãe brinca, fazendo o semblante dos irmãos Kaulitz desmanchar - O que foi? Não queriam me agradar? Pois bem, isso me agradaria muitíssimo.

Outra coisa que é nova para mim, é o senso de humor da mamãe. Ela parou de beber também. Que bom que estamos nos entendendo, não sei se eu aguentaria ouvir os sermões dela.

Ao resto da noite, conversamos e rimos. Mas quando chega 00:00, toda a minha alegria se esvai. Seguro a mão de Tom com força no carro, com medo de que ele desapareça. Mamãe se despediu deles em casa, ficará para arrumar a bagunça. Me deu uma enorme vontade de chorar, apenas vendo a cena. Imagina quando for minha vez... minha vez de dizer adeus.
Chegamos no aeroporto e Astrid desaba nos braços de Bill. Seguro o máximo para não fazer o mesmo. Gustav e Georg fingem ser um casal se despedindo também, só para não ficarem com cara de tacho.

- Oi - encosto minha testa no peito de Tom.

- Oi - ele beija minha cabeça.

- Você não vai deixar de me mandar mensagem todo dia, não é? - levanto o olhar. Tom é tão lindo que as vezes acho que é um sonho.

- Vou te mandar mensagem toda hora, até quando eu estiver cagando - ele brinca.

- Eca - sorrio.

- Eu gosto desse lugar, sabia? - Tom olha ao redor.

- Por que? - acompanho seu olhar.

- Porque foi aqui, que você disse que me ama - sua atenção volta para mim - Foi a melhor coisa que me aconteceu.

Meus olhos se enchem de lágrimas. Preencho o silêncio com um abraço forte.

- "És, para mim, como o alimento para a vida. Ou a chuva amena para o solo no tórrito verão" - ele diz, sinto minha pele arrepiar.

- Shakespeare... - minha voz falha. Algumas lágrimas escapam de meus olhos - Você leu.

- Li alguns. Tem palavras bem difíceis e... - antes que ele possa terminar, o beijo intensamente. Meu peito preenche-se de alegria e de tristeza.

- Eu te amo - digo entre lágrimas.

- Eu também te amo, Amelie - ele sorri.

Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora