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- Amelie, por que você não me contou nada sobre elas? - Astrid pergunta arrumando minhas roupas.

- Eu não queria te incomodar com isso - respondo baixo.

- Você sabe que me importo com você - ela diz me dando um pequeno abraço - se isso acontecer de novo, me fale que dou um jeito nelas. Vou no banheiro rapidinho.

Astrid vai ao banheiro e deixa Tom e eu a sós. Um silêncio permanece. Um clima estranho. Quero pedir desculpas a ele, por ter o batido com uma frigideira, mas meu orgulho prevalece.

- Amiga é? - quebro o silêncio.

- Eu disse aquilo só para dar efeito. Não pense que te perdoei por ter me batido com uma frigideira - Tom diz abrindo a mochila - Toma, minha mãe lavou.

- Ah... Jerry - pego meu ursinho em mãos e o abraço - Bom... receio que não vou mais brincar com ele. Sou bem crescidinha pra isso.

- Nunca é tarde para ser criança - ele levanta o dedo enquanto fala - Vi isso na TV. Eu sou bem crescido para brincar com essas coisas, mas você pode pensar diferente. Já sou um homem.

- Homem? - debocho - você nem barba tem.

- Ainda - ele ri - Vou ir com meus amigos. Falou.

- Tchau - sorrio e continuo sorrindo sem perceber. Mas que porra está acontecendo comigo?

Chego em casa. Vejo um carro na garagem. Papai está aqui. Olho para Astrid e entramos correndo. Papai trabalha muito viajando. Ele sustenta nossa família. Mamãe é dona de casa, responsável em cuidar de nós. Não que ela não saiba o que faz, mas seu método de educação é muito rígido. Ela também deve ter sido ensinada assim, então acha que é o certo. Mamãe sempre pega no meu pé. Eu puxei seu temperamento. Sou mais esquentadinha que o resto da família. Sinto raiva o tempo todo, apesar de tentar a esconder.

Entramos na cozinha e olho ao redor. Papai pula de trás de um balcão nos abraçando.

- Minhas filhas!!! Estão tão grandes e lindas - ele nos beija e sinto sua barba roçar em meu rosto.

- Estávamos com saudades - Astrid fala com os olhos cheios de lágrimas.

- Eu sei meu amor, eu também estava - ele nos olha uma por uma - eu trouxe uma surpresa para vocês.

- E o que é, o que é?! - pergunto animada.

- Vejam com seus próprios olhos - papai nos entrega duas caixas. Eu e Astrid nos entreolhamos.

Rasgamos a caixa. Fico boquiaberta ao ver.
Todos os jogos do momento estão ali. Devil May Cry, Sonic Adventure 2, Pikmin e Smash Bros e muito mais.
Olho para papai sem acreditar no que vejo. Quando ficamos ricos e eu não sabia? O abraço com todas as minhas forças. Lágrimas de felicidade descem pelo meu rosto.

- Você vai jogar comigo né? - pergunto esfregando minha cabeça em seu peito.

- Claro que vou - ele bagunça meu cabelo.

- Obrigada pai - digo.

- De nada minha filha - diz beijando o topo da minha cabeça.

Olho para Astrid assim que ela começa a chorar de soluçar.

- O que foi? - pergunto confusa e preocupada.

- Essa... é a bota... mais linda... que eu já vi - ela choraminga feito um bebê, com uma bota rosa choque em mãos - Obrigada pai.

- Acho que você mima muito essas garotas Simon - mamãe diz.

Depois do almoço, conecto o jogo na TV com papai. Fizemos uma pipoca e estamos lado a lado. Disputando o primeiro lugar no Mortal Combat, o jogo preferido do meu pai.

Kiss Me - Tom KaulitzOnde histórias criam vida. Descubra agora