The Long and Windy Road

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Richarlison foi tomado por uma profunda tristeza ao testemunhar a cena do beijo entre Son e Alisson, ainda pior ao ver Son vestindo a sua camisa da seleção. Ele sabia que era o presente que havia dado a Son no início do relacionamento, uma camisa marcante da Copa de 2002, quando o Brasil se tornou pentacampeão, com o nome de Ronaldo, o camisa 9 da seleção, estampado nas costas.

Era como se aquele gesto confirmasse suas piores suspeitas de que tudo o que viveram juntos não passava de uma ilusão. Ele não conseguia evitar a sensação de abandono e a percepção de que Son havia seguido em frente tão rapidamente, como se seu relacionamento não tivesse significado nada para ele.

No momento da separação, Richarlison foi tomado por uma enxurrada de emoções intensas. A raiva e a decepção pareciam dominá-lo, fazendo-o acreditar que odiava o coreano. No entanto, agora ele começava a questionar se esse sentimento de ódio era realmente genuíno ou se era apenas uma reação impulsiva diante da quebra da imagem perfeita que ele tinha de Son.

Por muito tempo, Richarlison viu Son como um ser imaculado, quase divino. Ele admirava sua habilidade no campo, sua personalidade cativante e sua presença magnética. A ideia de que Son também poderia ser humano, suscetível a falhas e capaz de seguir em frente com tanta facilidade, feria profundamente seu orgulho e sua própria autoestima.

Agora, ao testemunhar Son com Alisson, o ciúme e a insegurança se misturavam às demais emoções. Ele se perguntava se o coreano estava tentando deliberadamente provocá-lo, mostrando que poderia encontrar afeição e conforto nos braços de outro homem tão rapidamente, mostrando que poderia substituir ele por outro brasileiro.

A irritação de Richarlison se intensificava pelo fato de a pessoa com quem Son estava envolvido ser justamente Alisson, alguém que ele sabia que despertava ciúmes e inseguranças durante o relacionamento dos dois. Essa coincidência fazia com que ele questionasse se a cena do beijo tinha sido propositalmente escolhida para tirar-lo do sério.

Uma onda de raiva o envolveu, mas ele tentou se controlar. Não queria causar um escândalo ou confrontar Son naquele momento. Em vez disso, decidiu manter-se distante, guardando para si as emoções conflitantes que o assolavam.

Mas aparentemente, o seu rosto transparecia suas emoções. Emerson foi o primeiro a notar, se aproximou do colega se sentando ao seu lado e colocando a mão em seu ombro.

Você tá bem? — A mandíbula do atacante estava travada e o cenho franzido numa clara expressão de raiva mas ele só deixou todo ar sair de seus pulmões, tentando controlar o impulso de ser ríspido ou cruel.

Tô.

Emerson olhou para Richarlison com preocupação, percebendo a tensão em sua expressão e a resposta curta.

Sei que não é fácil, cara. Mas guardar tudo isso para si não vai te fazer bem. Se quiser conversar, estou aqui para ouvir. Você sabe disso. — Emerson disse, mantendo sua mão no ombro de Richarlison em um gesto reconfortante. — E outra, foi melhor assim. Seria pior se você tivesse continuado com ele, sabendo que ele tá atolado em merda até o pescoço.

Eu mal reconheço ele... — Disse num tom melancólico e tristonho. — Sabe a pior parte? Eu acho que nunca conheci o Son de verdade.

Antes que Emerson pudesse responder, um homem adentrou ao campo cumprimentado pelos jogadores mais velhos com empolgação. Ele era bonito, atlético e não parecia ser mais que dois ou três anos mais velhos que os veteranos.

Ele se apresentou a frente dos alunos mais novos e só agora perceberam o crachá de treinador interino pendurado no seu casaco, bem na área do peito.

— Bom dia, cambada! Bom, como alguns de vocês ainda não me conhece, vou me apresentar. Meu nome é Ryan Mason, e eu já fui um de vocês, e eu não falo isso como um eufemismo, eu realmente já fui um jogador dos Spurs a muito, muito tempo atrás.

Here Comes The Sun (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora