Fatherly Care

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Son estava sentado em um dos bancos do estacionamento, incapaz de fugir da realidade, e naquele momento, ele apenas esperava que seu pai se despedisse dos jogadores e viesse falar com ele. Richarlison sentou ao seu lado, acariciando suavemente suas costas, mas Son afastou-se do carinho.

— Você quer que eu fique aqui com você? — Perguntou Richarlison.

— Essa é a última coisa que eu quero. — Respondeu Son, parecendo ríspido.

— Você tá com raiva de mim? — Richarlison murmurou com um biquinho, esperando uma resposta de Son, mas em vez disso, a pergunta pareceu apenas aumentar a raiva do coreano.

Não era que ele estivesse com raiva de Richarlison; estava transbordando de raiva, não só em relação a ele, mas sobre tudo em geral. Estava se preparando para a conversa com seu pai, e ter o brasileiro impulsivo por perto só atrapalharia.

— Tem como você sair daqui?! — Sua voz expressava frustração. Quando Richarlison ouviu isso, assentiu, entendendo que era o momento de dar espaço ao namorado.

Ele se levantou com cuidado e se afastou, permitindo que Son tivesse o espaço necessário para lidar com suas emoções. Richarlison seguiu o seu caminho até o seu próprio dormitório, deixando Son ali, como queria estar, abandonado à própria sorte, no aguardo da iminente conversa angustiante.

Horas se passaram desde que o ônibus havia chegado ao destino. A noite caiu, trazendo consigo uma calmaria desconfortável. O estacionamento estava praticamente vazio, com apenas alguns carros restantes. Son continuava sentado no mesmo banco, olhando para o vazio, perdido em seus pensamentos. Ele sabia que cedo ou tarde teria que enfrentar a conversa com o pai, mas a simples ideia disso o deixava ainda mais ansioso.

Aos poucos, a adrenalina da situação no ônibus começava a se dissipar, dando lugar a uma mistura de tristeza, raiva e vergonha. Son sentia-se como um fardo pesado que não conseguia tirar dos ombros. A sensação de ter sua intimidade exposta à força era humilhante, e ele se perguntava se conseguiria suportar as consequências disso.

Enquanto ele estava mergulhado em seus pensamentos, o pai se aproximou lentamente. O silêncio entre eles era quase palpável, carregado de expectativas e temores. Finalmente, o senhor Woong-Jung quebrou o silêncio, sua voz carregada de uma mistura de preocupação e cautela.

— É verdade? — Mesmo que o senhor Woong-Jung julgasse que pela a reação de Son as palavras de Forster eram verdadeiras, ainda tinha um fio de esperança de que o seu garoto negasse tudo e tudo voltasse a ser como era antes.

Son engoliu em seco, sentindo uma mistura de emoções em seu peito. Ele olhou para o chão por um momento, incapaz de encarar os olhos do pai. Finalmente, ele assentiu com relutância, sabendo que não havia mais como esconder a verdade.

O pai se sentou ao seu lado, e por um momento, o silêncio pairou entre eles. Son sentia o peso das palavras não ditas em sua garganta, mas ele sabia que precisava encontrar a coragem para falar sobre isso.

— Pai, eu... — Sua voz saiu trêmula, e ele teve que fazer um esforço para continuar. — Eu sinto muito.

Ele mal conseguiu terminar a frase antes que as lágrimas começassem a inundar seus olhos, e a vergonha que ele sentia era quase insuportável. Era doloroso pedir desculpas por algo que era parte de quem ele era, algo que ele não podia mudar.

O olhar do senhor Woong-Jung não expressava compreensão ou aceitação, mas sim desaprovação e repúdio. A reação de seu pai era exatamente o que Son temia e a vergonha que sentia se intensificou. Quando o pai finalmente falou, suas palavras foram como um soco no estômago.

Here Comes The Sun (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora