Photo Day

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Um longo suspiro foi ouvido naquela sala  fria, a terapeuta observava atentamente Richarlison enquanto este dava sinais de inquietação naquela sala gélida. Seu salto batendo no chão branco contrastava com a calma e paciência que a profissional tentava manter. Ela sabia que não podia apressar o processo, mas a frustração de Richarlison estava começando a abalar a confiança dela em seu papel como terapeuta. Após duas sessões por semana durante dois meses, parecia que ela não havia conseguido extrair muitos detalhes da vida do jovem.

O jogador mencionava seu relacionamento com Son, reclamava de seu sogro inconveniente, mas evitava tocar em áreas mais profundas. Sempre terminava as sessões com um sorriso, o que a fazia questionar se ele estava realmente progredindo ou apenas mascarando seus sentimentos. Naquele dia, no entanto, ela estava determinada a ir além, a romper aquela barreira que estava impedindo o progresso. Não se tratava de querer vê-lo sofrer, mas de ajudá-lo a enfrentar seus problemas e, finalmente, retornar aos gramados completamente recuperado.

Richarlison parecia ter dificuldade em se aprofundar em questões que não envolviam seu relacionamento com Son. Seu parceiro era o centro de suas conversas, seja de forma positiva ou negativa, e estava claro que a vida do brasileiro girava em torno desse relacionamento. A terapeuta notava isso e, após ouvir mais elogios sobre Son, decidiu intervir para direcionar a conversa para um lugar mais profundo.

— O Son parece ser alguém incrível, sem dúvida. E eu tenho certeza de que ele traz muita felicidade para a sua vida, não é verdade? — Ela disse com um sorriso caloroso, ao qual Richarlison assentiu timidamente. — Posso fazer uma pergunta?

— Claro.

— E você? — O brasileiro pareceu confuso a princípio, então a mulher prosseguiu. — E quanto a você? Como você se sente? Digo, além do relacionamento com o Son, como você se enxerga? Como tem se sentido consigo mesmo ultimamente?

Richarlison pareceu refletir sobre a pergunta por um momento, suas mãos se movendo inquietas em seu colo antes de finalmente responder:

— Ah, sei lá. Normal, eu acho. — Ele deu de ombros parecendo não saber como responder propriamente.

A terapeuta optou por abordar o tema de maneira mais sutil, mantendo a empatia em suas palavras:

— Você mencionou que se sente "normal", mas tenho notado que a pressão sobre você, especialmente por parte do seu sogro, tem aumentado. Você tem alguma idéia do porquê?

— Ele é um cara difícil de lidar. — Soltou um longo suspiro dos seus pulmões, ele geralmente se segurava para não xingar o sogro nem ultrapassar os limites éticos, mas dentro daquela sala ele sentia alguma liberdade para fazer-lo — Ele é um narcisista e homofóbico de merda.

A terapeuta ouvia atentamente, compreendendo que o sogro de Richarlison representava um desafio significativo para ele. Ela optou por explorar mais esse tópico:

— Parece que seu relacionamento com o seu sogro é realmente complexo. Como você tem lidado com essas situações de pressão? Tem sido difícil para você manter o controle da raiva?

Richarlison hesitou por um momento, suas expressões denunciavam a tensão que o assunto provocava:

— Eu tento manter a calma, mas tem horas que é difícil, sabe? E estar longe dos gramados, especialmente por causa dele, me deixa frustrado. Parece que ele tem poder sobre tudo. Mesmo sendo um narcisista homofóbico, ele tem influência demais. E eu só queria jogar, mas ele fez com que isso se tornasse quase impossível. — Ele suspirou profundamente. — Às vezes, eu só quero mandar ele tomar no cu, mas aí eu penso no Son e... eu só tento manter a calma.

Ela concordou com a cabeça, tentando compreender os sentimentos mistos que o jogador estava sentindo. Parece ter sido um assunto delicado para ele, mas a profissional tentava manter o ritmo da conversa enquanto ele desabafava.

Here Comes The Sun (2son)Onde histórias criam vida. Descubra agora