Here Comes The Sun (2son)

Family Clashes

No momento em que chegaram em casa, Son soltou um longo suspiro, preparando-se para falar sobre o que o preocupava. No entanto, ele foi surpreendido por um abraço carinhoso de Richarlison. O brasileiro envolveu seus braços nos ombros do coreano, afagando seus cabelos escuros e escorridos. Son se aconchegou no abraço protetor, cercando a cintura de Richarlison com os braços. Não havia necessidade de palavras naquele momento, era uma demonstração silenciosa da solidez do relacionamento deles, uma forma de fortalecer sua base e trazer confiança para que Son finalmente pudesse compartilhar seus pensamentos.

Richarlison selou esse momento com um beijo sincero nos lábios de Son, um gesto carinhoso, e depois se separou gentilmente de seus braços. Son sorriu fracamente e ambos seguiram para a cozinha, o coreano pegou um copo d'água como se tivesse se preparando para a conversa dura que estava por vir.

Eles se entreolharam por alguns minutos antes de Son pegar o celular e começar a mostrar conversas antigas entre ele e Kane. Ele não disse nada, apenas permitiu que Richarlison tirasse suas próprias conclusões.

O brasileiro se sentou à mesa da cozinha com seus olhos percorrendo as conversas dos dois. Kane havia compartilhado muitas coisas, desde questões pessoais com seu pai até o assédio da investigadora, mas as mensagens não incluíam nenhum registro de conversa desde o encontro pessoal.

- E o que vocês conversaram naquele dia? - Richarlison murmurou sua pergunta, com uma expressão pensativa.

- O Kane... O pai dele. - Ele fez uma pausa longa tentando digerir o que vinha pela frente. - O pai dele matou o Paul.

A revelação de Son deixou Richarlison em completo choque. Seu rosto expressava uma mistura de confusão, medo e dor. As palavras pesavam como um fardo diante de sua mente, uma carga difícil de suportar.

As lembranças dos olhos opacos de Paulo, que uma vez olharam para os olhos de Richarlison em um perfeito encontro de almas, voltaram à tona. Agora, esses mesmos olhos, que já foram testemunhas de tantas coisas e de uma vida inteira, pareciam observá-lo de uma forma assombrosa, como se a morte de Paulo ainda ecoasse através deles.

Richarlison não sabia o que dizer ou como reagir a essa revelação chocante. Suas emoções eram uma bagunça, e ele se viu sem palavras.

O brasileiro se levantou ainda em descrença andando de um lado a outro com a respiração pesada enquanto mirava o chão tentando organizar os seus pensamentos.

- Como foi isso? - Ele tentava articular e se manter apático, mas son podia ver a dor através dele.

Ele se levantou e parou o namorado o segurando pelos ombros enquanto o olhava nos olhos com uma expressão de compreensão. Ele puxou o brasileiro para um abraço e aí sim que ele desmoronou. Richarlison chorava e tremia em seu abraço, soluçando e agarrando ele com as pontas do dedo.

Seu choro não era bonito, muito longe disso. Era uma dor imensurável. Ele desabou em seus braços, ambos definhando até o chão enquanto Son o segurava em seus braços. Os seus olhos também derramaram lágrimas de empatia.

Para Richarlison era como se Paulo fosse morto por mais uma vez. Não há preparação para a morte, de forma alguma. Ela é sorrateira e ardilosa, toma qualquer um quando menos se espera, em um dia típico, num momento bom, em um dia tristonho. Ela é a única certeza da vida.

Eles ficaram ali por um tempo, Son apoiado nos armários, segurando Richarlison enquanto as emoções ferviam. A tristeza que dominava o brasileiro aos poucos se metamorfoseava em uma fúria pulsante.

- Quem te disse isso? - Ele falou, sua voz tão fraca que mal passava de um murmúrio.

- O Kane. - A voz de Son, suave e calma, acariciava seus cabelos.