Here Comes The Sun (2son)

Unfinished Resolutions

Sentia que iria vomitar a qualquer instante enquanto caminhava até a sala, os passos soando altos em seu próprio ouvido, e o barulho de seu tênis no solado fazia sua pele arrepiar. Uma onda de nervosismo o dominando, transformando seus pés em gelo e deixando suas palmas das mãos úmidas. Cada passo parecia uma eternidade, e seu coração batia tão forte que ele podia senti-lo martelando em seu peito.

Seu cérebro, impiedoso, continuava a martelar com autoacusação implacável, reforçando repetidamente o quanto ele era tosco e impulsivo. Cenários horríveis do futuro próximo e da inevitável conversa com o diretor se desdobravam em sua mente, alimentando ainda mais sua ansiedade. Era como se estivesse à beira de um abismo emocional, prestes a desmoronar a qualquer momento, mas ele se segurava em pé, tentando não transparecer aquele frio na barriga.

Quando Richarlison cruzou a porta do escritório, uma sensação de desconforto e apreensão o envolveu. Ele se deparou com a presença imponente de Alisson, seu rival tanto dentro quanto fora de campo. No entanto, a reunião não se limitava apenas ao goleiro do Liverpool. Seu sogro e treinador odioso, e a diretora da Universidade de Liverpool estavam todos reunidos na sala, criando uma atmosfera tensa e carregada de expectativas. O objetivo era claro: chegar a um acordo que não prejudicasse a reputação da Universidade do Tottenham, independentemente do desfecho para Richarlison.

— Pode-se sentar por favor. — O diretor solicitou com uma voz que parecia calma, mas carregava uma firmeza que enviava arrepios pelo corpo de Richarlison.

O jogador assentiu e, com relutância, sentou-se na cadeira designada para ele. Seus olhos permaneciam abaixados, evitando o contato visual com o diretor, enquanto seu olhar se perdia no chão frio de mármore da espaçosa sala de reuniões. O diretor falou com serenidade, mas seu tom era firme, criando uma atmosfera de autoridade que continuava a desconcertar o brasileiro.

— Está atrasado, a reunião era para as 9:30, já são 9:38. Poderia me explicar o motivo do atraso?

Richarlison baixou a cabeça ainda mais, sentindo-se acuado pela repreensão do diretor. Ele sabia que não tinha uma explicação satisfatória para oferecer, além de sua própria desatenção com horários, o que apenas agravava a situação.

— Sinto muito, senhor. — Sua voz soou envergonhada e perturbada.

— Ainda não é uma explicação. — O diretor fez um clique irritante com a caneta enquanto esperava uma resposta que Richarlison não tinha. — A senhora Schmadtke tem compromissos importantes, assim como eu e todos nesta sala. Não podemos esperar pela sua boa vontade.

Richarlison permaneceu com os olhos fixos no chão, balançando a cabeça em concordância com as palavras do diretor, ciente de que sua desatenção estava causando um constrangimento adicional à situação já tensa da reunião.

— Me desculpe, senhor. Não vai se repetir. — Suas palavras foram surpreendentemente firmes mesmo diante do seu visível nervosismo.

— Já se repetiu. Outro caso de agressão em menos de duas semanas, Richarlison? — O diretor continuou, sua voz suave contrastando com seu olhar imponente. Richarlison se sentiu envergonhado e assentiu, reconhecendo sua culpa na situação.

A reunião estava apenas começando, mas o peso das palavras do diretor já pairava sobre ele, como uma nuvem escura de consequências.

— O que aconteceu dessa vez? Porque da última vez um colega lhe provocou com atos homofóbicos e você revidou com uma violência desproporcional. Dessa vez qual vai ser a sua desculpa por essa barbárie em campo? — O diretor questionou, sua voz mantendo a mesma suavidade, mas suas palavras eram incisivas.

Richarlison sentiu um nó na garganta. Ele sabia que não havia desculpa para o que tinha feito, e agora estava diante das consequências de seus atos. Respirou fundo antes de responder, com sinceridade.