Here Comes The Sun (2son)

Better Company

Son lhe contou tudo o que a sua memória lhe permitiu lembrar, enfatizou o medo no olhar da jovem, a maneira em que ele ficou ao seu lado enquanto os rapazes se encarregaram de tudo, mas omitiu a parte que jurou levar ao túmulo, a parte em que assistiu Katie empurrar Ethan da piscina, deferindo assim o golpe que tomou a sua vida.

Richarlison ficou boquiaberto diante da revelação de Son, sua expressão mostrando a mistura de choque e perplexidade com tudo o que acabara de ouvir. Son, com os olhos marejados, parecia reviver a angústia e a dor daquela fatídica noite.

— Eu sinto muito, Sonny... — Richarlison falou baixo ainda processando as informações enquanto o olhava com um olhar penoso. — Por que só não me contou antes?

— É sobre a Katie, eu não queria expôr ela a tudo isso novamente. Ela tá bem agora, demorou muito para ela voltar a ser quem era, eu só não queria que você tivesse essa imagem dela. Como uma vítima. — Son soltou um suspiro pesado, relembrando os momentos de crise da amiga. — Ela não é uma vítima, ela é uma sobrevivente.

Richarlison assentiu lentamente, compreendendo os motivos de Son para manter segredo por tanto tempo.

— Eu entendo, Sonny. Eu só queria que tivesse confiado em mim. — Ele soltou um suspiro melancólico, sua expressão carregada de tristeza.

— E você confiou em mim? Foi você quem achou o notebook e ao invés de vir me perguntar sobre, foi fazer a sua própria investigação. — Son cruzou os braços enquanto soltava um suspiro irritado.

— Se eu te perguntasse, você iria falar a verdade? — Richarlison levantou as sobrancelhas em tom de sarcasmo enquanto Son desmanchou a pose marrenta com um tom de surpresa.

— Espera aí. Se você tinha o notebook, como não sabia?

— Não tinha muita coisa sobre vocês na verdade, o Paulo não tinha prova alguma contra vocês. — Richarlison soltou um estalo de língua com um suspiro.

Son sentiu uma mistura de alívio e raiva. O alívio por não terem provas contra ele e seus amigos, mas a raiva por todo o caos que foi causado.

— Ele tava blefando?! Que filha da puta! — Por um instante, Son se esqueceu que estava falando de alguém que já tinha morrido. — O que tinha no notebook?

— Sistema de apostas. — Richarlison revelou, sua voz cheia de amargura.

— Foi você quem vazou isso?

— Foi. — Richarlison disse com um leve sorriso, como se estivesse orgulhoso do seu feito.

Son sentiu o chão se abrir sob seus pés. Ele não podia acreditar que Richarlison tinha vazado algo que acabaria por prejudicar tantas pessoas, inclusive a universidade e os seus próprios amigos.

— A gente perdeu nossa treinadora, diminuíram a bolsa de atletismo e a universidade está em ruínas. Era isso o que você queria? Está satisfeito? — Son desabafou, sua voz carregada de tristeza e decepção.

— O que você queria? Que eu deixasse eles fazerem isso com o futebol?! — Ele assumiu uma postura defensiva diante da ira do outro.

— O futebol, Richarlison?! Você acha que salvou o futebol?! — Son ainda parecia incrédulo com a inocência do outro. — Você acha que eles vão ser responsabilizados por isso?! Não! Quem vai se dar mal somos nós!

Son sentiu uma mistura de raiva e frustração. Ele não conseguia entender como Richarlison podia pensar que suas ações teriam algum efeito positivo no longo prazo.

— Você não enxerga o quadro completo, Richarlison. Eles são poderosos demais, influentes demais. Não importa o que você tenha feito, no final das contas, seremos nós que vamos pagar o preço. E não apenas nós, mas todos os atletas, os treinadores, os estudantes que dependem dessa universidade.