Trials and Tribulations (Wenclair)

Capítulo 11

Enid se sentou no carro, com as mãos apertando o volante com força, a cabeça apoiada em cima deles e com os olhos fechados. Ela respirou profundamente na tentativa de limpar a cabeça. O que diabos ela tinha pensado? Ela se questionou batendo sua cabeça contra o volante suavemente. Enid não conseguia entender o que a havia possuído para fazer algo tão estúpido. Havia uma razão para manter seus sentimentos em segredo, uma razão muito válida. Não foi porque ela estava com medo da rejeição de Wednesday, embora ela admita que tinha inúmeros debates internos sobre a reação da Addams. Não, o silêncio era na verdade, devido a razões muito menos egoístas. Wednesday era vulnerável, ela estava lidando com um monte de estresse: sua saúde, a escola e Enid não queria acrescentar mais essa situação. Enid era feliz em ser amiga de Wednesday, na verdade, mais do que feliz. Passar um tempo com a morena era melhor do que nada e sua felicidade significava mais para Enid do que a dela mesmo. Enid tinha mantido seus sentimentos para si, porque no fundo ela sabia que Wednesday precisava dela mais como uma amiga do que como uma namorada. Agora, tudo foi arruinado e havia uma possibilidade grande de ela perder completamente Wednesday e tudo porque ela não conseguia controlar a própria boca.

Enid bateu a cabeça contra o volante novamente. Merda. Merda. Merda. Merda.

Ela respirou fundo mais uma vez tentando livrar-se do medo aterrorizante que parecia ter tomado conta de todo o seu corpo. Enid tentou lembrar o que ela estava pensando quando ela confessou tudo para Wednesday, mas a verdade é que ela não estava pensando. Naquele momento ela se sentia bem e não podia ignorar a ação de finalmente ter falado as palavras que ela desejava dizer desde o primeiro dia que elas se conheceram. Pela primeira vez, Enid tinha seguido seu próprio conselho e deixado o coração governar suas emoções. Ela parou de cismar com tudo, deixou seu cérebro e sua lógica enlouquecedora e fez o que Wednesday havia sugerido: ela assumiu um risco.

O único problema era que a vida era dolorosa. Assim que havia falado, não teria como voltar atrás. Wednesday tinha dito a ela que a vida era muito curta e Enid concordou com esse sentimento de todo o coração. O pensamento de perder Wednesday assustava a loira. O pensamento de Wednesday nunca saber o que ela significava para Enid, a aterrorizava mais do que qualquer coisa, especialmente porque a sua confiança e autoestima já eram tão baixos. Então ela pensou "Mas que diabos? Qual a pior coisa que poderia acontecer?" Se ela tivesse pensado sobre isso um pouco mais, talvez ela tivesse escutado a irritante racionalidade que muitas vezes ela se orgulhava de ter e manteria a boca fechada.

Em vez disso, ela agora se encontrava sentada sozinha em seu carro, o silêncio mortal que se seguiu a sua confissão suavemente tocando em seus ouvidos. Enid levantou a cabeça do volante e passou a mão pelos cabelos querendo se direcionar para o mais longe possível da casa de Wednesday, para que ela pudesse limpar a cabeça e pensar. Ela rapidamente encontrou as chaves do carro no colo, as colocou na ignição e ligou o motor do carro. Enid olhou para o espelho retrovisor momentaneamente para ver se o caminho estava livre, seu pé encontrando o acelerador e movendo o veículo para longe do meio-fio.

Enid estava ganhando velocidade quando percebeu o movimento com o canto do olho e a próxima coisa que ela assimilou, era que algo tinha se jogado na frente de seu carro. Ela bateu o pé no freio, o carro parando bruscamente apenas centímetros da pessoa a frente dela que havia batido no capô firmemente com ambas as mãos numa tentativa de se proteger do impacto. A boca de Enid caiu um pouco surpresa quando ela finalmente percebeu que era Wednesday que estava olhando para ela do outro lado do para-brisa e voou para fora do carro, sua preocupação com a outra garota que se manifestando como raiva.

— Jesus Cristo, Wednesday! - Enid gritou batendo a porta do carro firmemente atrás dela. — Que diabos você pensa que está fazendo? Você está tentando se matar? - Ela praticamente gritou. — Eu tinha pensado que você tinha entendido que não se deve jogar na frente de um carro em movimento!