Trials and Tribulations (Wenclair)

Capítulo 27

●●●

— O... o quê? — gaguejou Enid, movendo a cabeça ligeiramente para trás, surpresa. — O que você acabou de dizer?

— Eu te amo — murmurou Wednesday, sonolenta. Ela estava de frente para Enid com os olhos ainda fechados, sua voz suave e rouca de sono.

— Você me ama? — perguntou Enid timidamente, seu tom de voz calmo e tímido.

Wednesday balançou a cabeça em afirmação antes de mudar sua posição na cama um pouco para se aninhar em Enid ainda mais. Ela levantou a mão direita que ainda estava posicionada no lado esquerdo de Enid e a colocou sobre seu torso totalmente, as pontas dos dedos levemente acariciando as costas da namorada.

— Sério? — perguntou Enid, ainda em estado de choque.

Wednesday acenou com a cabeça novamente e puxou Enid para mais perto, até que seus quadris estavam se tocando. A loira sorriu para o esgotamento evidente no rosto de Wednesday, ressaltando que sua namorada mal estava acordada, todo o seu corpo tão evidentemente com sono, os olhos ainda fechados. Enid suspirou, desesperada para falar com Wednesday corretamente sobre a declaração. Ela se virou de costas, enfiando o braço direito por baixo do ombro da namorada. Enid rolou Wednesday para seu lado, de modo que seu rosto estava agora descansando suavemente em seu ombro. Beijou suavemente no topo da sua cabeça, a outra mão chegando à bochecha de Wednesday. Enid sentiu a morena expirar fortemente, como se estivesse expulsando todas as fontes de estresse e preocupação de seu corpo. Ela mudou suavemente a mão que ainda estava acariciando levemente o rosto de Wednesday e traçou uma linha na mandíbula com o dedo indicador, pegando seu queixo quando chegou a ele. Enid virou o rosto de Wednesday em direção a ela e deu um beijo suave em sua testa e em seu olho direito antes de descer para finalmente tomar os lábios da morena. Enid permaneceu ali por um momento, apreciando a sensação dos lábios macios de Wednesday.

Wednesday correspondeu ao beijo, porém, de maneira fraca, seu corpo lutava desesperadamente para adormecer. Enid percebeu a mão direita de Wednesday se afastar. Então, ela estendeu a própria mão, roçando suavemente as pontas dos dedos pelo rosto da morena, embora seu objetivo fosse impreciso. Enid, por sua vez, ergueu a própria mão para segurar a de Wednesday, começando a manipular os dedos dela instintivamente. Enquanto isso, observava a morena adormecer mais uma vez.

Enid sorriu para si mesma enquanto observava Wednesday. A versão dela que havia se perdido há muito tempo estava escondida desde o acidente, nas sombras da noite e nas fronteiras solitárias de seu quarto. Naquele momento, enquanto a morena dormia, Enid podia ver a verdadeira Wednesday, a menina que ela era antes dos pesadelos corromperem seus sonhos.

Deitada em seus braços, estava a Wednesday que Enid sabia que ainda existia: autoconfiante, com seus problemas temporariamente esquecidos. Quando lhe era dada a oportunidade de um sono tranquilo, quando seus sonhos eram gentis e suas preocupações postas de lado, Wednesday era como qualquer outra garota de sua idade.

Enid sabia que era isso que a garota mais queria: se sentir normal e comum. Enquanto o resto de seus colegas se esforçavam para se destacar, para serem extraordinários e únicos, Wednesday não queria nada mais do que se encaixar.

Enid sentiu uma lágrima deslizar pelo seu rosto, com a ideia da luta de Wednesday. Ela se perguntava por que alguém que ela achou tão excepcional jamais iria querer ser nada menos do que isso. Enid sabia que Wednesday era especial. Ela sentiu isso no momento em que se encontraram, mas nesse breve encontro, ela nunca tinha percebido exatamente quão notável sua namorada viria a ser, o quão especial ela realmente era, quão grande.

Assistindo Wednesday agora, enquanto ela dormia depois de ter finalmente ouvido as três palavras de seus lábios que ela tão desesperadamente queria, Enid tentou se lembrar de outra ocasião quando se sentiu tão feliz. Cada outra memória que ela lembrava tinha Wednesday e ela percebeu que as palavras da senhorita Thornhill eram verdadeiras.