*Capítulo 62*

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VH

Três dias se passaram e nada do RK vir me buscar nessa porra, eu já tava ficando irritado porque a cada dia que passava, os cana ficavam colocando na minha cabeça que o dia de me levar pro presídio tava perto. Todos os dias eles me interrogavam e eu sempre me mantia calado, o que deixava eles puto. A cada dia, as perguntas deles aumentavam.

Eu tô ficando agoniado, eu não tenho notícias e nem contato com ninguém. Não sei o que tá rolando na favela ou se aconteceu alguma coisa no dia que eu e a Amanda fomos baleados. Ninguém me fala porra nenhuma, eu já tentei até convencer uma enfermeira que deu em cima de mim a me contar alguma coisa, mas nada. E olha que ela foi bem oferecida.

Já tava de saco cheio de ficar nesse quarto, nos dias que eu fiquei inconsciente e entubado, eu tive uma melhora significativa então pelo menos, de saúde eu não tava mal. Já tava quase 100%. Mas eu não aguentava mais ficar aqui, eu me sentia preso e tava começando a ficar maluco.

Tava anoitecendo e eu já sabia que tava perto do horário deles me levarem pra fazer os exames e depois me levarem pra mais um interrogatório.

Quando um cana chegou no quarto e avisou que tava indo me levar pros exames, aconteceu a mesma coisa de sempre. Algumas enfermeiras vieram e me ajudaram a sentar na cadeira de rodas mesmo que eu já conseguisse sozinho. Só estranhei que, esse era outro policial. Não era o mesmo que tava me levando nesses dias.

Estranhei ainda mais quando ele não fez o trajeto que era normal fazer e fomos pro elevador de serviço e ele colocou como parada o andar no subsolo que era o estacionamento.

VH: Tu tá me levando pra onde?

Xx: Tô seguindo ordens. - Foi só o que ele disse.

De duas, uma: Ou ele tá me levando pra morrer, ou essa é a hora que eu vou fugir.

A minha intuição dizia e queria acreditar que ela a segunda opção. Isso só confirmou quando eu vi um carro que eu sabia muito bem de quem era e justamente o RK saiu de lá dentro, ele me olhou rápido e abriu a porta do passageiro. Ele tirou uma mala grande de lá e o policial parou quando chegamos em frente.

Xx: Tá tudo aí?

RK: Tem até mais do que foi combinado. - Empurrou a mala pro cara. - Agora mete o pé.

O policial só acenou com a cabeça e saiu andando rápido na direção do elevador.

VH: Comprou ele? - Ele acenou com a cabeça e me ajudou a entrar no carro.

RK: Tive que comprar uns três caras pra ficarem livre da sua cola. Tu me custou uma grana preta.

Ele me ajudou a entrar no carro e eu deitei no banco do passageiro pra ficar mais confortável. RK acelerou a mil e saiu daquele hospital o mais rápido possível, no caminho, fui pensando em tudo e finalmente perguntei o que eu queria saber.

VH: Como tá a favela? - Ele me olhou pelo retrovisor e escutei ele dando um suspiro.

RK: Chegando lá, tu vai saber.

Só nisso já fiquei tenso e senti meu corpo arrepiar. Se ele não queria me dizer agora, é porque alguma coisa tinha acontecido. E era grave. Eu não sei se tava preparado pro que ele ia falar.

Fiquei ansioso pra caralho até chegar na favela, parecia que essa porra toda demorava horas, RK não passou lá em casa, só subiu direto em direção a principal. Achei que ele tava me levando pra ver e conversar com meu pai. Mas quando saí do carro e entramos na salinha, meu pai não tava ali. O que eu estranhei pra caralho.

Na mesma hora, senti meu coração acelerar de uma forma que nunca aconteceu.

RK me ajudou a andar até a cadeira e eu sentei, ele sentou na minha frente e suspirou antes de começar a falar.

RK: Não sei se tu tá pronto pro que eu tenho que te falar, mas você já é o último a saber e seria injusto se você não recebesse essa notícia. - Respirou fundo e começou a falar devagar, a cada palavra que ele dizia, meu coração acelerava mais e eu sentia meus olhos arderem. - No dia que tu e a Amanda foram baleados, foi a mando do Barão. Ele queria te matar pra deixar um aviso pro MT pra ele me entregar.

Não falei nada, eu já suspeitava que era isso.

RK: Nesse dia, eu tinha vindo pro morro. Era aniversário da Júlia e eu queria ver ela. Eu levei ela pra uma casa no alto do morro e assim que passou umas horas, era pra eu ter ido embora pra não levantar suspeitas de ninguém, mas passei na casa da minha mãe antes.

VH: Vai direto ao ponto, RK.

RK: O Barão descobriu que a Júlia tava lá, e ele conseguiu invadir o morro. Tinha vários soldados do seu pai que tavam agindo na maldade e se aliaram com o Barão, o que facilitou pra caralho ele entrar aqui dentro. Ele sabia aonde tava a Júlia e como eu não tava com ela, ela foi um alvo fácil dele.

Senti meu corpo tensionar cada vez mais forte, minha respiração tão acelerada que eu tava começando a sentir falta de ar.

RK: Teu pai foi buscar a Júlia pra tentar levar ela a salvo pra casa, ele não sabia que o Barão tava na favela. Ninguém sabia. Ele só foi com três vapor, e em comparação, ele tava em menor quantidade ali.

Ele ficou um minuto em silêncio, acho que tava analisando o meu rosto pra ver qual seria minha reação, ou só tava se preparando pro que ia me falar a seguir.

RK: O Barão matou teu pai. Matou da forma mais covarde que tu possa imaginar. Ele usou a Júlia como isca pra chamar atenção do MT, e pra que o Barão não matasse ela, o Matheus tentou matar ele primeiro. A trocação começou assim. Mas o MT tava em menor quantidade, ele conseguiu fazer um estrago no Barão, ninguém sabe se ele tá vivo ou não. Mas...teu pai tá morto. - Respirou fundo. - Antes de tudo, o MT tinha me mandado mensagens pedindo pra eu ir pra aquela casa se ouvisse  barulho de tiro, eu ainda tinha ido passar na minha mãe. Eu fiz o que eu pude, mas quando cheguei lá, ele já tinha morrido. Só consegui agir pra matar todos que traíram ele e salvar a Júlia.

Não reagi.

Eu não consegui ter uma reação ouvindo isso. A minha mente ficava tentando me convencer de que isso era um pesadelo ou uma brincadeira sem graça, mas nada ali me fazia acreditar nisso.

Eu não chorei, eu não disse uma palavra. Eu não conseguia. Parecia que toda hora que eu tentava falar, minha garganta se fechava.

Meu pai morreu da pior forma, de um jeito que ele não merecia, e eu não tava aqui pra ajudar. Não tava aqui pra tentar proteger ele da mesma forma que ele sempre me protegeu. E eu não tava aqui sequer pra me despedir dele...

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Por Nós [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora