*Capítulo 57*

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RK

Ficar longe da minha favela sempre foi uma parada normal pra mim. Eu sempre saia em missões em outro estado, já tinha me acostumado a ficar longe do Vidigal, e sinceramente? Nem sentia falta.

Mas desde que a Júlia começou a fazer parte da minha vida eu só queria continuar na favela, pra continuar perto dela.

Nos últimos meses eu não tô tendo um lugar fixo pra ficar, vou me mudando de estado pra estado pra ficar longe do radar do Barão. Essa porra tá me cansando. Não posso ter contato com mais ninguém daqui porque sempre tem os riscos.

E porra, ficar longe dessa mulher tá sendo foda pra caralho.

Fiquei sabendo que hoje era aniversário dela há umas semanas atrás e arrumei um jeito de vir pra cá. Eu não avisei pra ninguém, arrumei um carro sem placa nem nada pra conseguir vir. Eu tava atualmente em São Paulo, a viagem não foi tão longa.

Mas foi difícil pra caralho entrar na favela sem ninguém perceber. Tá muito bem protegida, isso é bom. Minha sorte é que eu conheço esse lugar de cima a baixo e consegui entrar.

Coloquei o capuz e o boné tampando a cara e fiquei palmeando a Júlia o tempo todo no baile. Vi quando ela ficou por horas dançando com a Bianca, vi quando ela ganhou aquela moto e depois voltou a dançar e beber.

Tava foda ver ela ali perto de mim mas não poder fazer nada, por isso quando ela foi pro quartinho eu segui o mesmo caminho e entrei um pouco depois dela.

Quando agarrei ela pelo braço vi o desespero na cara dela e me deu vontade de rir, mas segurei.

RK: Feliz aniversário, ratinha. - A expressão no rosto dela foi de desesperada pra surpresa.

Júlia: Como que você veio parar aqui?

RK: Eu achei que tu ia ficar mais feliz de me ver.

Júlia: Eu tô feliz, só tô muito surpresa. - Passou os braços por mim e me abraçou forte. - Você vai ficar?

RK: Não, vou embora de manhã.

Júlia: Porque você não fica? Deve dar pra você se esconder por algum lugar aqui no morro.

RK: Não dá. Já é perigoso eu estar aqui, se eu ficar vai ser mais ainda. - Ela suspirou meio triste.

Júlia: Tava com tanta falta de você.

RK: Eu também. - Abracei ela mais forte. - Tu quer sair daqui?

Júlia: Pra onde?

RK: Um lugar mais afastado daqui. - Ela balançou a cabeça assentindo e a gente saiu dali.

Muita gente usava esses quartinhos, principalmente quando era dia de baile. Era fácil de alguém ver a gente ali dentro.

A gente saiu dali escondido, eu ficava toda hora olhando ao redor pra ver se não tinha ninguém vendo ou seguindo a gente. A favela tava calma, não tinha tantas pessoas nas ruas, só na rua do baile mermo.

Subimos o morro e chegamos numa casa escondida que eu ficava de vez em quando e escondia alguns armamentos também.

Júlia: Você mora aqui? - Olhou a casa ao redor.

RK: Não, só fico aqui as vezes.

Júlia: Entendi... Cê trouxe o que de presente pra mim?

RK: Eu me trouxe.

Júlia: Que presente xoxo. Eu esperava um colar de diamantes.

RK: Continua esperando. - Puxei ela pelo braço pra ela se sentar no meu colo.

Por Nós [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora