*Capitulo 31*

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Maratona 2/5

RK

MT: Ele te passou a visão do que é pra fazer lá?

RK: O de sempre, revisar as drogas e trazer a mercadoria pra cá.

MT: E sobre a mulher e o filho dele? - Arqueei a sobrancelha.

RK: O que?

MT: Um tempo atrás ele tinha me falado que ia chamar alguém pra trazer a mulher e o filho dele pra cá, mas não falou muita coisa. Achei que ele ia te pedir já que tu tá indo pra São Paulo.

RK: Me pediu nada não e espero que não peça por que eu já cansei de falar que eu não sou motorista. - Ele riu.

MT: Aí tu tem que ver com ele, não comigo. - Deu de ombros.

RK: E como que tá a Júlia?

MT: Tá lá.

RK: Informação pra caralho, hein.

MT: Eu não sei como ela tá, ela tá trancada no quarto desde que chegou ontem.

RK: Hum.

MT: E tu quer saber por quê?

RK: Porque sim, mas deixa.

MT: Aí, vai lá no Alemão e resolve essa parada com o Barão. Vê se ele vai querer que tu traga a mulher e o filho dele pra cá.

RK: Eu acabei de falar que eu não sou motorista, caralho.

MT: A gente tá precisando da confiança dos cara, porra. Faz essa moral pro cara e depois tu nem precisa pisar mais lá. - Bufei. - Só tô te pedindo isso porque tu é o mais tranquilo pra ir resolver essas meta.

RK: Normal né?! - Ia continuar reclamando mas nós dois olhamos pro final do beco e a Júlia tava vindo até a gente.

Olhei pro rosto dela, os olhos dela estavam inchados e vermelhos. Ela não tava com uma cara muito boa.

Parei de ficar reparando tanto nela quando ela chegou na frente de nós dois.

Júlia: Oi. - Deu um meio sorriso pra mim.

RK: Oi.

Júlia: Pai você já vai me levar lá? - O MT negou e apontou pra mim.

RK: Ah tu tá de sacanagem.

MT: É só uma carona, tu tá indo pro mermo lugar que ela mesmo.

RK: Eu já falei que eu não sou motorista de ninguém pra ficar levando e trazendo ela dos lugares.

Júlia: Beleza, não precisa. Eu arrumo um jeito.

MT: Para de graça, RK. Eu tô ocupado e tu não tá fazendo nada.

Júlia: Se ele não quer, então deixa cara. Você não consegue outra pessoa pra me levar não?

MT: Ele tá indo pro mesmo lugar que tu, ele gosta é de ficar fazendo charme.

RK: Eu vou começar a cobrar. - Falei apontando pro MT. - Bora Júlia.

Fui andando pra fora daquele beco sem olhar pra trás. Júlia enrolou um pouco falando alguma coisa com o MT mas depois veio atrás de mim.

RK: Por que você tá indo lá de novo?

Júlia: Eu tenho que pegar as minhas coisas na casa do Felipe. Eu não ia buscar, mas tem muitas coisas minhas lá e não vale a pena deixar lá pra ele jogar fora ou sei lá o que.

Balancei a cabeça e entrei no carro, ela entrou em seguida. O caminho lá pro Alemão foi nós dois calados. Nas vezes que eu vinha trazer ela pra cá, ou buscar, a Júlia ficava falando sem parar. Falava até sozinha quando eu ignorava ela, mas igual ontem, hoje ela tá calada.

Quando a gente chegou na casa do cara, ela saiu do carro. Eu não sai e fiquei esperando ela pegar o que tinha que pegar.

Ela bateu no portão umas dez vezes até que uma morena abriu, ela tava usando só uma blusa larga.

Xxx: Oi Júlia. - Sorriu pra ela. - Veio pegar suas coisas?

Júlia: O que você acha, Brenda?

Brenda: Eu achei que você ia vir algum dia, mas não achei que era hoje. Mas eu já arrumei suas coisas pra você.

A tal Brenda pegou duas sacolas pequenas e estendeu as mãos pra entregar. Júlia negou com a cabeça.

Júlia: Tem muito mais coisas minhas aí. Essas sacolas que tu tá me dando não são nem metade.

Brenda: Foi isso que eu achei. - Deu de ombros.

Como a Júlia não tinha pegado as sacolas, a garota deixou elas caírem no chão e foi fechar o portão, mas a Júlia empurrou antes e entrou dentro da casa.

A garota tirou o sorriso de deboche que ela tava na cara e foi atrás da Júlia. Da rua deu pra ouvir essa Brenda falando alto que não era pra ela pegar as coisas, mas não deu pra ouvir a voz da Júlia.

Quando as duas voltaram pro portão, a garota ainda tava reclamando um tanto de coisa que eu não prestei atenção. Enquanto isso a Júlia vinha até o carro segurando uma mochila grande e colocou no banco de trás.

Júlia: Mais uma coisa. - Se virou pra menina. - Tira a minha blusa que você tá vestindo.

Brenda: Essa blusa não é sua. É do Felipe. Ele mesmo me deu pra vestir.

Júlia: Meu amor, o Felipe não tem bom gosto o suficiente pra ter uma blusa do Naruto. Tira ela agora ou eu vou aí tirar ela de você.

A menina encarou a Júlia por instante. Depois foi pra atrás do muro da casa e jogou a blusa que ela tava vestida pro lado de fora e logo depois fechou o portão com força.

Júlia pegou a blusa e entrou no carro.

RK: Queria que tu tivesse batido nela.

Júlia: Eu também queria, que ódio. - Bufou. - Na hora que eu pedi pra ela tirar minha blusa, não era pra ela ter tirado. Porque aí eu iria tirar dela a força pra aproveitar e descontar a minha raiva. E nem ia ser por causa do Felipe, ia ser por causa da minha blusa mesmo. Mas eu já ia descontar tudo.

RK: E tu não fez isso de uma vez por quê?

Júlia: Porque eu sou uma mocinha. - Ri do jeito que ela falou.

RK: Vou resolver uma parada com o Barão. Tu fica no carro. - Ela assentiu e eu fui subindo o morro.

...

Por Nós [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora