*Capítulo 23*

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Júlia

Fazia um tempão que eu tava aqui na casa do Felipe. Até agora a gente só tava conversando coisas aleatórias, ainda não chegamos no assunto "nós dois". Não sei se eu tava aliviada ou tensa por ainda não estarmos conversando sobre isso.

Júlia: Por que você não me falou que morava aqui?

Felipe: Você nunca perguntou. Por que você nunca me falou que morava no Vidigal?

Júlia: Não tinha necessidade. - Dei de ombros e ele se aproximou de mim.

Felipe: Posso te perguntar uma coisa? - Balancei a cabeça concordando. - Você é envolvida?

Pisquei algumas vezes tentando entender o que ele tava perguntando.

Júlia: Que?

Felipe: Aquele dia que eu te segui até sua casa, eu vi você indo pra uma boca, mas não cheguei muito perto por que os caras de lá podiam estranhar.

Eu tinha esquecido disso aquele dia, meu Deus. Se o Felipe me seguiu, então ele viu o Henrique me levando até a principal...

Tentei parecer o mais calma possível pra ele não fazer tantas perguntas. Quando se tratava dessas coisas eu ficava com um medo do caralho de descobrirem sobre o meu pai e acontecer alguma coisa.

Júlia: Idai?

Felipe: Eu queria saber se você se envolve com essas coisas, mas se você não quiser responder tá tudo bem. Eu não vou te criticar nem...- Interrompi.

Júlia: Me envolvo com o que?

Felipe: Com drogas, pô. Foi a única coisa que pensei quando te vi indo pra aquele lugar.

Tive vontade de rir quando ele acabou de falar. Ele tava achando que eu era drogada por que tava lá na boca. Até faz sentido, mas olha pra mim, toda princesinha. Onde que eu tenho cara de drogada, gente?

Se eu falasse que não tava lá por isso, ele ia começar a perguntar mais coisas e ia querer saber pra que eu tava lá. Então é melhor eu fazer ele acreditar nisso mesmo.

Felipe: Você usa alguma coisa?

Júlia: Uso. - Ele abriu a boca em choque. - Relaxa, não é nada pesado não.

Felipe: Seus pais sabem disso?

Júlia: Sim.

Felipe: E eles são de boa?

Júlia: Mais ou menos.

Felipe: O que você usa?

Júlia: Algumas coisas.

Felipe: Que coisas?

Júlia: Caraca Felipe, virou interrogatório agora? - Ele suspirou.

Felipe: Desculpa. Acho que tô só enrolando pra não chegar no assunto.

Júlia: Eu não gosto de enrolação, então é o seguinte: eu e você não vamos namorar.

Ele fez uma cara meio triste e ia começar a falar mas eu interrompi.

Júlia: Vou te dar mais uma chance, mas não vou namorar com você agora. Eu não tenho mais tanta confiança em você, então você vai ter que me fazer confiar em você de novo. Esse lance de namoro a gente vê mais pra frente.

Felipe: Melhor que nada. - Abriu um sorriso.

Júlia: Pois é. - Ele segurou meu rosto e me deu alguns selinhos que depois se aprofundaram em um beijo.

Eu tava com saudade dele e da pegada dele, só aproveitei o momento que a gente tava tendo. Ele colocou a mão por dentro da minha blusa, mas eu parei o beijo e tirei a mão dele de mim.

Júlia: Não é assim... É pra ser devagar e tu já tá apressando as coisas.

Felipe: Tá bom, tá bom. Foi mal. - Levantou as mãos em rendição e eu ri de leve.

Senti meu celular vibrando no bolso do meu short e tirei vendo uma mensagem do meu pai na tela. Ele tava avisando que o RK tava me esperando no pé do morro e que não era pra eu demorar.

Bufei com um pouco de raiva, na melhor parte eu tenho que ir embora.

Felipe: O que foi?

Júlia: Vou ter que ir. - Peguei minha bolsa em cima da mesa.

Felipe: Mas já? - Assenti. - Então espera que eu te levo, pô.

Júlia: Não precisa. - Falei rápido e ele me olhou estranhando. - Não estão deixando ninguém de fora entrar no morro, então você não vai conseguir me levar de qualquer jeito.

Depois de muita insistência, consegui fazer ele mudar de ideia sobre me levar até em casa. Mas ele cismou que iria me levar até o pé do morro de qualquer jeito. Não consegui fazer nada.

Quando chegamos, vi logo de cara o RK encostado na moto, mexendo no celular com aquela pose de marrento insuportável que ele tem.

Felipe: Quem é esse? - Apontou com a cabeça pro RK que tirou a atenção do celular e olhou pra nós dois.

Júlia: É o moto táxi, pô.

Felipe: Quando foi que tu chamou?

Júlia: Chamei aquela hora que a gente tava na cozinha, ué.

Felipe: Como que eu não vi isso, garota?

Júlia: Por que você é lerdo. - Dei um beijo rápido nele e me despedi.

Depois que o Felipe já estava subindo o morro, fui em direção a moto e subi em cima.

RK: Tu meteu o k.o que eu sou moto táxi mermo, parceira?

Júlia: Sim, gostou? - Ele revirou os olhos e deu partida na moto de uma vez só, o que quase me fez cair pra trás.

Odiava andar de moto, por que tenho medo de cair. E com o Henrique era pior ainda, por que ele dirigia como se tivesse sete vidas pra desperdiçar.

RK: Se tu não segurar em mim, tu vai cair. - Falou com um tom de deboche que eu não gostei nada.

Coloquei os braços ao redor da cintura dele e segurei firme. Quando ele tava muito rápido eu apertava ele de propósito.

Mas as vezes eu apertava ele só pra implicar mesmo, ele me xingava algumas vezes mas eu usava a desculpa: "Você tá indo rápido demais, vai devagar e eu paro de te apertar".

Funcionava, por que ele ficava caladinho. Acho que ele preferia dirigir do jeito dele, do que ir mais devagar só pra me deixar confortável e me fazer parar de apertar ele.

...

Por Nós [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora