Onde está Natasha?

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Steve e eu já havíamos voltado a caminhar pela mata.

Depois da explosão de poderes que houve em Wakanda, quando meu corpo se recuperou do acidente, os tabloides só tinham isso. E sempre com títulos extravagantes.

Não demorou muito pra pessoas começarem a associar à mim, já que minhas habilidades nunca foram um segredo pro mundo.

Claro que sem provas não podem me acusar de nada, mas uma suspeita do governo já é o suficiente pra transformarem nossa vida em um inferno.

E sinceramente, conhecendo o governo dos Estados Unidos como eu conheço, só não me levaram pra um laboratório à força porque sou conhecida mundialmente. Apesar de não ser oficialmente uma vingadora, ainda sou vista como uma. E prender uma vingadora contra a vontade dela? Hmm, isso iria ser muito ruim pra eles.

Dormir tem sido um tesouro que eu não encontrei ainda.

Nos últimos meses sofri tentativas de sequestro, exposição de fotos em jornais e uma solidão gigante.

Não falava com Steve nem nenhum deles havia meses. A coisa ficou feia pra mim e eu nem pude me defender.

Ross queria nossas cabeças em uma bandeja e a minha ele queria com acompanhamento pra engolir melhor.

Não paro em um lugar por mais de três dias e não falo com ninguém. Aprendi a me camuflar com cabelos, roupas e olhos diferentes. Mas ainda sim sempre com boné e óculos.

- Então...- dei um sorriso forçado enquanto iniciava o assunto - por que você e Romanoff não estavam juntos?

Ele me olhou de rabo de olho e suspirou

- Ross parece ter focado todas as suas forças em Natasha primeiro. Estão com um esquadrão de elite agora. E eles estão chegando muito perto. Tivemos que nos separar.

Assenti

Tive uma impressão de que tinha mais coisa aí, mas não quis invadir muito a privacidade dele assim.

Tenho noção do inferno que vivemos nos últimos meses, então entendo.

- Odeio esse cara.

[...]

Depois do que pareceu uma hora, finalmente avistei de longe o trailer branco. Troquei um olhar com Steve, que assentiu com a cabeça.

Tirei minha arma do coldre depois de guardar a lanterna e nos aproximamos com cautela.

Estiquei minha mão até a janela do trailer e esfreguei, na intenção de tirar as gotas de chuva.

Observei dentro e estava tudo escuro, não parecia ter alguém por perto

Destravei a porta e peguei a lanterna de novo, entrando em silêncio

Tinha uma pequena cozinha, um quarto, um banheiro e uma mesa pra jantar. Ouvi a chuva lá fora começar mais uma vez e um suspiro de cansaço saiu e meus lábios.

Coloquei a mochila em cima da cama e começamos a procurar alguma coisa

[...]

- Mas será que você não dá uma fora? - pensei em voz alta e observei um pedaço de papel no chão do quarto

Me agachei e peguei, virando o lado. Era uma foto, uma parte de uma, pelo menos. Estava rasgada. Não seria algo muito relevante se eu não tivesse reconhecido a pulseira da viúva negra nas mãos das duas mulheres que estavam na foto.

Reconheci a cicatriz no dedo de uma delas. Natasha. Olhei de volta pra onde a foto estava e vi um líquido vermelho brilhoso no chão.

Me agachei e passei meus dedos nele, não era sangue. Então uma estranha sensação familiar passou por mim. Eu conheço isso.

Além do nosso tempo - Bucky Barnes Onde histórias criam vida. Descubra agora