13. A Minha e a Sua Verdade

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Novamente, havia sido convocado em meio a madrugada. Por mais inconveniente que fosse, quando o Presidente do Conselho Mágico, Gran Doma o requisitava, o melhor para a sua segurança e saúde era atendê-lo, sem hesitação. Hallbamn tornara-se mais do que ciente desse fato, ao constatar que aliados em potencial do presidente simplesmente desapareciam, ao menor sinal de deslealdade.

A pressão dos planos em que se envolvera o corroía por dentro. Mas ele jamais poderia revelar ou demonstrar tal fraqueza. Ser um seguidor de Gran Doma significava isso: Nunca retroceder, ou sequer pensar nisso. Qualquer deslise, custaria muito caro.

Inobstante a tempestade que se desenvolvia em seu interior, o semblante do membro do conselho permanecia inabalável. Assim, ele terminava de cruzar o longo salão, ponto de encontro habitual entre ele e o Presidente do Conselho Mágico, quando queriam tratar de assuntos além dos interesses partilhados com os demais cúmplices.

Como sempre, Gran Doma o aguardava, acomodado no centro do elegante sofá de três lugares, enquanto fitava a dança hipnótica das chamas na lareira. Hallbamn não entendia bem, mas o presidente sempre demonstrara um considerável fascínio pelo fogo. Especialmente quando ele consumia algo importante.

— Você demorou. - Sem desviar o olhar da lareira, o velho que ostentava uma longa barba alva e um estranho chapéu negro reclamou.

— Minhas sinceras desculpas. - Hallban pediu, demonstrando respeito, quando na verdade estava entediado. Gran Doma quase sempre o saudava reclamando de sua falta de pontualidade. - Comparecer sem deixar rastro é um serviço realmente moroso, ainda mais quando o Senhor Presidente me convoca sem antecedência. - Retrucou, da forma mais educada possível. - Então? Por que razão fui requisitado? - Indagou, realmente curioso.

— Você sabe que tivemos alguns contratempos que atrasaram nossos planos. - Respondeu, sem rodeios. - Entretanto, não creio que possamos esperar muito mais. Prepare-se para agir. - Decretou.

Mesmo que tivesse passado os últimos três meses esperando por este aviso, Hallbamn não pôde deixar de arregalar os olhos. Então a hora finalmente havia chegado. Isso era, no mínimo, perturbador.

— Não seremos frustrados dessa vez? - Questionou. Afinal, cerca de noventa dias atrás, o presidente havia lhe informado que os últimos ajustes estavam feitos. Entretanto, a ação de agentes externos atrapalharam a execução do plano.

— Org não vai ser um problema dessa vez. - Finalmente encarando o recém chegado, Gran Doma esclareceu, direto. A mania que Hallbamn tinha de subetender o que realmente gostaria de perguntar o irritava profundamente. - Ele tentou fazer uma jogada discreta, mas não logrou. - Completou, abrindo um pequeno sorriso zombeteiro.

— E a ação de outros grupos? - Insistiu o membro subrodinado. - Não podemos ignorar que a maga estelar foi atacada há algum tempo. - Lembrou.

— Mais um motivo para que atuemos depressa. - Sentenciou o Presidente do Conselho. - Esse ataque apenas demonstrou que existem mais interessados nela. - Explanou. - Ou que alguém deseja eliminá-la de vez. - Concluiu.

— Certo. - Hallbamn assentiu, por fim, preparando-se para se retirar. Contudo, ao ensaiar um passo para trás, deteve-se, lembrando de mais um questionamento que assombrava a sua mente. Culpando-se, decidiu externá-lo. Sabia que seria ridicularizado pelo presidente. - O Senhor não se preocupa mesmo com os aliados da moça? - Falou, incerto.

— Ora, Hallbamn! - Exasperou-se o velho de longa barba. - Com quem eu deveria me preocupar? Com Makarov? Com a Guilda inteira? Com aquele moleque que não larga do pé dela? - Ironizou. - Você sabe que estamos para enfrentar um inimigo muito mais forte! Simplesmente não tenho tempo para isso. - Lembrou.

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