32. Noite de Chuva

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Magnólia - 02 de maio de x792

Lucy não demorou a se acostumar com o serviço.

Claro que ela preferiria mil vezes se aventurar em missões com seu time, mas servir o bar da guilda definitivamente não era ruim. O trabalho não era exatamente leve, mas as outras garotas garantiam que ela não pegasse tarefas que demandavam muito esforço ou pudessem ser perigosas devido à sua condição. A loira bem se esforçava para não causar a impressão de usar da gestação para trabalhar menos, mas reparou que, muitas vezes, quando aparecia algo para fazer, as outras funcionárias corriam na sua frente para que pudesse descansar um pouco mais. Claro que isso a irritava profundamente, o que fazia com que repetisse diversas vezes ao dia que estava grávida, não doente, mas era sempre respondida com um revirar de olhos.

No fim, não havia muito o que fazer além de se conformar em seguir as tarefas designadas por Mirajane. Como funcionária mais antiga, ela acabou assumindo o papel de "garçonete chefe", responsável por coordenar os serviços, dividindo-os entre Lucy, Kinana e Lisanna, quando esta estava disponível.

Os uniformes das garçonetes eram uma atração à parte. Mirajane tinha realmente acertado ao decidir que as outras funcionárias usassem vestidos volumosos e comportados como o seu. Isso tinha instigado ainda mais o interesse dos clientes externos — especialmente masculinos —, atraídos para a guilda apenas para serem servidos por lindas garçonetes uniformizadas.

Não que elas gostassem dessa atenção, mas dinheiro no caixa era sempre bom, então faziam o show de bom grado. Além disso, pelo menos nessa parte, Lucy poderia ficar sossegada. Aparentemente, o interesse masculino caia drasticamente se você estivesse carregando um filho de outro cara. Embora esse fato chamasse atenção de outras maneiras, também desagradáveis, como a situação que vivia naquele momento.

— Você poderia me deixar carregar as compras — Doranbolt sugeriu, talvez pela décima vez apenas naquele percurso.

— Doranbolt, é sério! Não está pesado! — Lucy respondeu, em tom de desânimo, abraçando a sacola de papel pardo ainda mais contra o peito, uma vez que deixá-la naquela posição ajudava a disfarçar o tamanho de sua barriga e afastar olhares curiosos. — Além do mais...

— Você está grávida, não doente — completou, evidenciando que mesmo ele tinha escutado aquele discurso muitas vezes.

A maga sorriu de lado.

— Bom saber que vocês me escutam, mesmo que revirem os olhos — comentou, risonha. — E também, não quero que pensem que estou me aproveitando da situação para ter os guardas do Conselho como empregados ou coisa assim —  explicou.

— Eu duvido que as pessoas cheguem a tanto — começou a argumentar, mas parou de caminhar ao ver que a loira fez o mesmo.

Prestes a perguntar a razão de terem interrompido o percurso, reparou que ela fitava fixamente um estabelecimento situado do outro lado do rio.

O moreno ficou levemente intrigado. O local deveria ser recém-inaugurado, uma vez que não se lembrava de tê-lo visto antes, contudo também não parecia um local que Lucy frequentaria. A aura sombria poderia ser sentida mesmo dali, e era apenas acentuada pela lugubridade de seu interior estreito.

— Você quer entrar naquele lugar? — indagou, levemente surpreso, despertando a maga estelar de seu transe.

— Ah não! — A loira tratou de afirmar, retomando a caminhada. — Aquele lugar apenas me lembrou que há algo que quero saber — justificou.

Doranbolt tornou a olhar o estabelecimento, só então notando sua placa, que anunciava, além de encantamentos e poções poderosas, que sua proprietária tinha a habilidade de prever o futuro.

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