36. Proposta

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Magnólia – 13 de junho de X792

Gray abriu e fechou a mão direita repetidas vezes, na esperança de afastar o formigamento persistente. Ao menos a o pior da sensação de queimadura havia passado, pensou enquanto deixava a enfermaria da Fairy Tail.

Desde que descobriram sobre a queimadura que torturava seu braço, Makarov e Porlyusica foram taxativos em expressar que ele deveria lhes comunicar imediatamente a cada nova ocorrência, e Gray sabia que eles não estavam preocupados apenas com o fato de isso possivelmente significar a morte de mais um mago do fogo, ainda que fosse o mais alarmante da situação. Eles estavam preocupados com ele. Com os efeitos que aquela suposta maldição poderia acarretar em seu corpo.

Inferno, ele mesmo estava preocupado. "Desesperado" talvez fosse uma palavra mais próxima da realidade. Porque, dessa vez, em vez do padrão vermelho irritadiço a que estava habituado, a queimadura foi acompanhada por linhas negras desbotadas, que poderiam facilmente ser confundidas com uma tatuagem antiga. No entanto, agora eles sabiam que se tratava do símbolo da magia Devil Slayer, conforme Hibiki lhe explicara.

Nem Porlyusica nem o Mestre sabiam dizer se o fato de a marca ficar mais definida se devia a uma progressão ao uso da magia Devil Slayer, por qualquer pessoa da Signum Sectionis que a utilizasse no homicídio dos magos, ou se significava que as mortes ocorriam a uma distância próxima de Gray, teoria advinda da crise violenta que ele sofreu quando estavam próximos ao local em que Macao e Romeo foram atacados.

Particularmente, o mago do gelo acreditava na primeira opção, já que quando tais formigamentos começaram, se manifestavam em sua pele com uma simples vermelhidão, a qual foi se intensificando a cada ocorrência, tanto que demorou para que Gray reparasse que formavam um padrão específico. Todavia, a vermelhidão evoluiu para o roxo doentio, típico de eczemas, até chegar no preto desbotado que assumira naquela manhã. O discípulo de Ur tinha um palpite que logo chegaria ao preto intenso e definido, como a tatuagem que Hibiki lhe mostrara com sua magia arquive, se não fizessem algo para interromper as mortes em cadeia dos magos do fogo.

— Se é essa marca vai embora depois que pegarmos os culpados — comentou consigo mesmo, enquanto descia as escadas para o salão da guilda.

— Desculpa, não entendi — falou Lucy, que passava em direção ao quadro de missões, com uma pilha de pedidos novos para pendurar.

— Ah... Eu estava falando sozinho — o mago do gelo explicou, envergonhado.

Lucy lançou-lhe um sorriso compreensivo, antes de continuar em direção ao quadro, e Gray a seguiu para ajudá-la, por ausência de coisa melhor para fazer.

Fosse outra época, a loira teria reclamado, mas ela já havia entendido que seus companheiros de guilda apenas se esforçavam para cuidar dela, até nas pequenas coisas. Por isso, em vez de ralhar com o mago do gelo, nitidamente chateado por outros motivos, apenas apontava os lugares altos onde deveriam ser afixados alguns pedidos, enquanto se ocupava dos que penduraria mais abaixo, satisfeita que a tarefa distraísse o companheiro do time ao menos um pouco.

— O que aconteceu com o boca de fogão para não estar pairando ao seu redor? — questionou o moreno.

— Foi comprar ervilhas e pêssego — respondeu.

— Ele ajuda nas compras da guilda agora? — indagou, risonho, satisfeito com a dedicação do amigo em auxiliar Lucy mesmo em seu emprego.

— Na verdade, as compras são para mim. Quero fazer um sorvete — explicou.

Gray se endireitou e se questionou mentalmente se havia ouvido corretamente.

— Com ervilhas e pêssegos? — perguntou, incrédulo.

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