33. Ache o Padrão

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Magnólia - 10 de maio de x792

Lucy respirou lentamente, empenhando-se em não desfazer o sorriso forçado que sustentava. Alguém tinha que manter as aparências, já que Natsu parecia incapaz disso.

Não que ele não tivesse tentado se esforçar no início. Mas devido à natureza extremamente sincera e transparente do dragon slayer, não demoraram a descobrir, durante as primeiras entrevistas conseguidas por Mirajane para implementar seu plano "Casal Perfeito", que era muito menos prejudicial deixar Natsu agir naturalmente, que fazê-lo mentir mal.

Afinal, ele era conhecido nacionalmente, não apenas por sua magia, mas também por seu temperamento. E era pouco provável que conseguissem conquistar a simpatia das pessoas para a causa deles, se qualquer teatro fosse constatado em suas atitudes.

Então, sim, Natsu geralmente agia como ele mesmo, sendo orientado apenas a não deixar escapar nada que pudesse indicar seus planos de ação contra o processo criminal movido pelo conselho, ou qualquer coisa que pudesse colocar em risco a segurança de Lucy. Não que ele precisasse ser alertado dessa última parte. A paternidade iminente fizera com que ele despertasse um instinto repressor a tudo que poderia ser prejudicial à maga celestial.

Por outro lado, sobrava para Lucy a função de ser simpática e a missão de contornar eventuais gafes soltadas pelo mago do fogo. Nada muito impossível, os anos de convivência a treinaram para aquilo.

O que a obrigava a manter um sorriso forçado, na verdade, era o fato de as entrevistas serem cansativas. E frustrantes.

Porque, para conquistar a simpatia do público e antagonizar a atuação do conselho ao acusá-la, ela tinha que desempenhar o papel de "pobre mulher grávida". Mas o pior, era ter que compartilhar informações que ela não queria.

Informações que eram especiais e, portanto, deveriam ficar entre ela, Natsu e os amigos que escolhessem.

Como o gênero de seu bebê.

Depois que Charle e Cana revelaram que o casal mais falado da Fairy Tail aguardava uma menina, Mirajane não tardou em mexer os pauzinhos para conseguir quantas entrevistas pudesse. Naquele momento, enfrentavam a terceira daquela semana, e a última por um tempo, Lucy esperava. Nem por isso, a menos importante, já que estavam sentados diante de Jason, o repórter mais requisitado da Sorceres Magazine, que apesar da eloquência e empolgação com que geralmente desenvolvia seu trabalho, vinha tratando a loira de maneira extremamente simpática. Não raras vezes lhe lançando sorrisos compreensivos.

O que não queria dizer que não fazia perguntas incomodas.

— Qual foi a reação de vocês ao descobrir que foi uma menina? Vocês tinham preferência pelo sexo? — inquiriu ele.

Lucy olhou para Natsu, antes de responder:

— Nós ficamos felizes e sequer havíamos conversado sobre isso. A pressão de toda a situação é tão grande que só pensávamos em manter nosso bebê seguro — respondeu enquanto o mago do fogo assentia em concordância, ciente que entregara a resposta dramática necessária (que, todavia, era completamente verdadeira).

Jason lançou mais  um sorriso de conforto antes de anotar a resposta, não perdendo tempo em seguir a entrevista tão logo terminou de rabiscar seu bloco de notas.

— Vocês já decidiram o nome? — questionou.

— Ainda não — O dragon slayer foi quem respondeu dessa vez. — Lucy quer pensar sobre isso com bastante cuidado — acrescentou, franzindo a testa em contrariedade.

— Nossa filha não vai se chamar "Happy II", Natsu — Lucy retrucou, mal humorada, enquanto o outro revirava os olhos.

— Era brincadeira — comentou ele, sob o olhar cético da loira.

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