23. Justiça

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Magnolia - 31 de março de x792

O dia em que as cerejeiras desabrochariam em múltiplas cores finalmente havia chegado, fazendo com que o número de pessoas que circulavam pelas ruas pelo menos triplicasse, dando a impressão que todas as pessoas presentes na cidade tinham resolvido sair de casa ao mesmo tempo.

O tráfego pelas vielas estreitas estava mais complicado que nunca, pois os inúmeros transeuntes se empurravam e espremiam, uns na tentativa de chegar a praça principal, onde o festival já havia começado, outros querendo visitar o comércio ambulante.

Em meio a tantas pessoas, não era realmente difícil passar despercebido. E era justamente com esse fator que Natsu contava ao esgueirar-se pelos cantos dos becos, com o objetivo de alcançar um lugar em específico.

Enquanto caminhava, tinha o cuidado de manter o capuz da longa capa vermelha que trajava no lugar, cobrindo completamente os cabelos róseos, para que ninguém o identificasse como membro da Fairy Tail. Já havia sido um problema deixar a Guilda sem que os inúmeros jornalistas que a cercavam o percebessem, não gostaria nem de pensar no que aconteceria se o encontrassem por ali. Certamente, no meio daquele mundo de gente, seria bem complicado escapar.

Fora só a notícia sobre a prisão de Lucy se espalhar, que inúmeros repórteres - em sua maioria, aqueles frustrados por não terem capturado a matéria em primeira mão - cercaram não apenas a sede da Fairy Tail, como também o apartamento da loira, o dormitório feminino e até mesmo a casa de Natsu e de mais alguns magos, tudo pela chance de conseguir qualquer declaração com exclusividade.

A situação estava tão incômoda, que o mago do fogo havia sido orientado por Makarov a não deixar o prédio da Guilda nem para dormir pois, certamente, ele seria o mais assediado dos membros, devido a sua proximidade com a maga estelar.

Foi desobedecendo as ordens do mestre que Dragneel, com a sempre bem vinda ajuda de Happy, escapou, para cumprir a ideia que tinha lhe ocorrido durante o pedaço de madrugada que passara rolando sobre uma das camas da enfermaria, já que, com toda aquela situação, o sono sequer chegara perto de seu corpo.

O rapaz transcorreu com dificuldade mais alguns quarteirões, até finalmente visualizar seu destino. Infelizmente, para atiçar sua irritação, dois turistas visitavam a pequena barraca. Impaciente, aguardou até que os forasteiros se afastassem e aproximou-se, com cautela.

— CÉUS! - O proprietário do pequeno local gritou, ao deparar-se com o vulto encapuzado, que não estava ali segundos antes.

— Shiiiii!!! - Natsu chiou, pedindo silêncio, puxando levemente o gorro para que o senhor pudesse identificá-lo.

— Natsu-san! - Exclamou o vendedor, um tanto aliviado. - Quer infartar esse pobre velho? - Indagou. Mesmo cochichando, seu tom era um tanto zombeteiro.

— O senhor não é tão velho assim, Nathan. - Replicou.

Sem que fosse convidado, novamente o dragon slayer adentrou o pequeno espaço. Ignorando a comodidade do visitante, o ambulante apenas sentou-se em sua mesa de trabalho.

— Está disfarçado por causa dos jornalistas? - Esperto como era, o homem logo concluiu a razão da chegada sorrateira do jovem.

— Sim. - O mago do fogo assentiu, mais uma vez assombrado com a capacidade dedutiva do outro. - Esses malditos estão por toda a parte. - Reclamou, entredentes.

— E imagino que você seja um dos magos mais procurados por eles. - Acrescentou, seguindo com suas deduções, atraindo o olhar inquisidor de Salamander. - A garota que foi presa, Lucy Heartfilia, era sua amiga, não? - Perguntou.

— Como sabe que ela foi presa? - Devolveu outra pergunta, irritadiço.

— Não há assunto mais comentado na cidade. - Respondeu o comerciante. - Notícias ruins correm rápido, e essa espalhou-se em ritmo espantoso, considerando que a prisão ocorreu ontem a noite. - Comentou. - Por ser um tanto chocante, até os jornais que haviam cessado suas atividades para o feriado, lançaram edições especiais, publicando o fato. Foi anunciado até mesmo nas rádios. - Finalizou.

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