28. Culpa

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ERA - 08 de abril de x792

Natsu aguardava, completamente impaciente, o retorno de Makarov. Os pés batiam incessantemente contra o piso do corredor e o semblante não conseguia esconder a enxurrada de sentimentos negativos que o acometia.

Sentados ao seu lado, estavam Mirajane e Jellal, dois companheiros ligeiramente fortes e estrategicamente posicionados para evitar que ele fizesse qualquer besteira. Porque as chances de que o mago do fogo se levantasse e fizesse exatamente isso naquele momento, de fato, eram astronômicas.

Já haviam se passado algumas horas que Lucy fora examinada, confirmando, para o alívio do dragon slayer, tanto o bem estar dela quanto o do bebê. Contudo, embora estivesse recebendo informações periódicas quanto ao estado de ambos, ainda estava proibido de vê-la.  A maga ainda era uma prisioneira sob custódia, afinal.

Inteiramente frustrado, Dragneel estava sendo obrigado a esperar enquanto o mestre tentava conseguir o acesso dele ao quarto em que a loira estava internada, esforçando-se ao máximo para não agir impulsivamente e colocar tudo a perder. E nas horas que passara sentado no banco de espera corredor, ou mesmo dando voltas pela recepção, nem tentou evitar que as lembranças dos últimos acontecimentos invadissem sua mente. Ele realmente precisava pensar.

Mais que isso: Precisava descobrir quem era aquela mulher que tentara fazer mal a sua parceira e seu filho.

Para sua exasperação, sobre a inimiga, Natsu não havia visto mais que um vulto. Ademais, como poderia ele olhar para qualquer coisa quando uma Lucy em pânico, amparada por ninguém menos que Doranbolt, aparecera de forma literalmente mágica a sua frente na noite anterior? As poucas informações que tinha sobre a mulher foram relatadas por outras pessoas.

Após receber a surpresa de ver a parceira repentinamente fora da prisão, uma confusão dos infernos se seguiu. Mal proporcionando o tempo necessário para que Heartfilia se acalmasse e explicasse a situação, não tardou para que inúmeros cavaleiros rúnicos invadissem o bar do hotel onde os magos da Fairy Tail estavam acomodados, acreditando que aquilo se tratava de uma fuga.

Eles já haviam ameaçado usar a força e prender toda a guilda, quando Org, acompanhado de mais alguns conselheiros, chegou e apaziguou o conflito. Pouco tempo depois, uma Lucy catatônica, acompanhada apenas por funcionários do Conselho e pelo mestre Makarov, foi conduzida ao hospital local.

Natsu, obviamente, precisou ser contido por praticamente todos os seus companheiros, até que estivesse em condições de se dirigir a clínica sem espancar ninguém pelo caminho. E ele teria sido seguido por todos os seus amigos, não fossem as ordens expressas deixadas por Makarov de que, exceptuando Jellal e Mirajane, os outros deveriam permanecer na hospedaria.

Chegando ao hospital, fora Doranbolt que, após ser seriamente coagido, narrou, por alto, os fatos ao dragon slayer. E, desde então, tudo que o mago do fogo podia fazer era aguardar.

E que espera terrível. Mirajane e Jellal observavam, preocupados, o humor do dragon slayer oscilar a cada minuto que vivenciaram no decorrer da noite. Em determinados instantes, ele se mostrava transtornado, para, dez segundos depois, ficar totalmente apático e, em seguida, praticamente transbordar aflição pelos poros.

Mas, definitivamente, o momento mais estranho daquela espera foi quando a risada rouca e sem humor de Salamander ecoou pelo corredor.

Espantados, os dois magos que o ladeavam o encararam, externando dúvida em suas feições. Natsu, que já havia chegado a um ponto de desinteresse em que ignorava a importância da maioria das coisas, apenas deu de ombros, demonstrando que não ligaria de fornecer respostas.

— A última vez que passei por tamanho nervosismo em um hospital - Desatou a falar, antes que fosse questionado. -, eu descobri que seria pai. - Concluiu, recostando-se de forma desajeitada contra a espalda do banco.

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