29. Confissões

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Magnolia- 10 de abril de x792

A maga celestial levou a mão até a maçaneta gelada, sentindo um  misto de alívio e ansiedade crescer em seu interior.

Estava em casa. Finalmente.

Afoita, abriu a porta de forma brusca, irrompendo para o interior de seu apartamento, com Natsu em seu encalço. Sem se incomodar, inalou o ar abafado e tomado pela poeira, resultado dos vários dias que o ambiente permaneceu lacrado, sem nenhuma ventilação.

— Certo, estão entregues. - Doranbolt falou da porta, tentando criar a deixa para se retirar. - Verei se consigo alugar um quarto aqui por perto. - Avisou.

— Certo. - A loira assentiu sorrindo. - Obrigada por tudo, Doranbolt. - Continuou, seu sorriso alargando-se um pouco mais, demonstrando o quanto estava radiante por finalmente estar de volta.

Entretanto, embora a felicidade da maga estelar fosse contagiante para a maioria das pessoas, o membro do Conselho Mágico não trouxe mais do que um misto de constrangimento e revolta. Ela sabia porque ele estava ali. Sabia muito bem que toda provação que estava enfrentando não era culpa sua e, ainda assim, era incapaz de tratá-lo mal.

Incomodado, o moreno pigarreou para disfarçar seu constrangimento.

— Não se esqueça Lucy. Você está está em liberdade condicional. - Lembrou-a. - Não pode sair desacompanhada de um dos membros da guarda, assim como não pode ultrapassar os limites da cidade, a não ser por ordem judicial. - Enumerou. - E também... - Recomeçou, mas foi interrompido.

— Não posso usar magia. - A loira completou, sorrindo tristemente. - Eu sei Doranbolt, não usaria nem se quisesse. - Completou, erguendo os pulsos, de modo que seus mais novos acessórios ficassem em evidência: duas largas pulseiras contensoras de magia

— Eu só não quero que tenha que voltar para aquele lugar. - Justificou o moreno.

— Já entendemos. - Natsu atalhou, impaciente. Também estava grato pela ajuda do membro do Conselho, mas achava que sua presença estava se tornando inconveniente. Lucy precisava de um momento que fosse, sem estar sendo vigiada.

— Certo, estou indo então. - Sentenciou Doranbolt. - Se precisarem sair, tem um guarda na entrada da casa. Meu turno é o próximo. - avisou, antes de retirar-se.

Os dois magos da Fairy Tail quase suspiraram aliviados quando o moreno - finalmente - deixou o apartamento.

É certo que ambos se sentiam um tanto egoístas por pensarem assim - afinal, fora graças a Doranbolt que fizeram o percurso ERA/Magnolia tão depressa - mas eles também sabiam que necessitavam urgentemente de um momento longe de tudo que lembrasse o Conselho Mágico e todo aquele inferno que estavam vivenciando.

Os últimos dias haviam sido tão difíceis, quase surreais, que a simples noção de que finalmente haviam retornado ao apartamento dava-lhes a sensação de que estava bom demais para ser verdade.

Quando estava internada, Lucy tema que teria que voltar ao Centro Penitenciário de ERA e aguardar por semanas, com sorte, por dias, para que ele finalmente deliberassem sua questão, uma vez que, graças ao atentado, a sessão designada para tal fim fora cancelada.

Qual não foi a sua surpresa ao ser conduzida do hospital diretamente ao Tribunal Mágico, onde ele prolataram a decisão: O processo movido contra lucy não seria suspenso, mas o julgamento seria adiado por uns meses, e ela poderia permanecer em liberdade até o fim do período de resguardo, desde que cumprisse algumas condições.

O alívio que a maga estelar sentiu ao saber que havia ganhado tempo para provar sua inocência foi indescritível. Entretanto, sofreu certo abalo, quando ela tomou ciência das dua condições que teria que observar: Primeiro, enquanto estivesse em liberdade condicional, não poderia deixar a cidade de Magnólia sem permissão judicial, sendo que, toda as vezes que precisasse sair de casa, deveria obrigatoriamente ser acompanhada por um guarda.

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