22. Conspiração

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Magnolia - 30 de março de x792

O dragon slayer do fogo abriu os olhos lentamente, piscando repetidas vezes até que suas vistas se adaptassem a claridade local. A desorientação de quem acabava de despertar durou poucos instantes, sendo imediatamente substituída por um desespero sem tamanho, acompanhado de uma ira descomunal.

Ele mal perdeu tempo analisando as pessoas que o encaravam, preocupadas, fixando-se unicamente naquele que considerava o culpado por tê-lo impedido de agir.

— JELLAL, SEU DESGRAÇADO! - Gritou, impulsionando o corpo para frente, na intenção de alcançar o mago de cabelos azulados, que o fitava apático.

Entretanto, sentiu, com um solavanco, o próprio tronco retornar com tudo para trás, chocando-se contra a espalda da cadeira onde estava acomodado. Ou melhor, onde estava acorrentado.

— O QUE. VOCÊS. PENSAM. QUE. ESTÃO. FAZENDO? - Inquiriu, pontuando cada palavra com incredulidade, sacudindo-se freneticamente na tentativa de libertar-se das correntes que fixavam seus braços ao móvel de metal.

— Natsu, tente se acalmar... - Makarov pediu, sendo furiosamente interrompido.

— ME ACALMAR É O CACETE! - Berrou, decidido a se soltar, por bem ou por mal. Afinal, Lucy estava em perigo e ninguém iria impedi-lo de salvá-la.

Resoluto, tentou invocar o próprio poder mágico para derreter as correntes se preciso fosse, surpreendendo-se ao não sentir a reação esperada.

— Mas o quê...? - Indagou, fitando as próprias mãos, com espanto.

— São algemas que inibem magia, Natsu. - O mestre explicou. - Eu tive que usá-las, pois sabia que você não nos escutaria voluntariamente. - Justificou.

— Eu não preciso escutar nada! - Exclamou, pocesso. - Eu preciso resgatar a Lucy! Me tirem daqui, agora! - Ordenou.

— Natsu, por favor, escute o que o mestre tem a dizer. - A voz condescendente de Mirajane alcançou os ouvidos do mago do fogo.

— Vocês não entendem! - Retrucou ele. - Vocês não entendem, a Lucy... - Seu furor era tamanho que mal conseguia formular frases coerentes. - A Lucy, ela... Ela está...

— Natsu, nós sabemos. - Dessa vez, o timbre calmo de Jellal atalhou. - Sabemos que Lucy está grávida. - Confidenciou, atraindo novamente a atenção de Salamander, que tinha os olhos arregalados.

Contudo, a estupefação não durou muito tempo.

— Se você sabia, então por que nos impediu de salvá-la, maldito??? - Questionou, agitando-se tanto que a cadeira onde estava preso tombou lateralmente. Todos os presentes reprimiram um suspiro desanimado.

Mesmo caído, com a bochecha latejando pela recente colisão contra o assoalho, Natsu não conseguia deixar de pensar em Lucy. Não conseguia afastá-la de sua mente um segundo sequer, não quando ela estava sendo submetida a uma injustiça tão absurda.

A sequência de acontecimentos ocorrida antes que Mystogan o induzisse - juntamente com o restante da guilda - a um sono profundo, repetia-se em sua cabeça, roubando-lhe qualquer partícula de paz. Faltavam-lhe palavras para descrever a repentina prisão de Lucy, apenas porque era uma ideia absurda demais. Inconcebível. Algo que nunca passaria por sua mente.

Mas acontecera.

Interrompendo as comemorações do Pré-Hanami, uma guarnição dos Cavaleiros Rúnicos liderada por Doranbolt, adentrou a guilda, chamando por Lucy Heartfilia e lhe dando voz de prisão.

Todos os presentes no local pareceram congelar ante a notícia. Nada além da música alta e animada, que vinha tocando até então, podia ser ouvido no salão. Aterrorizada, Lucy pestanejou, antes de perguntar:

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