24. Hanami

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Magnolia - 31 de março de x792

Lucy encolheu-se contra a parede, abraçando as próprias pernas. A murada de rochas brutas machucava seu dorso, assim como as pulseiras inibidoras de magia feriam gradualmente o seu pulso.

Mesmo que as costas doessem e, no canto do cômodo, houvesse uma cama desconfortável a sua disposição, ela preferiu permanecer sentada no chão. Não conseguiria dormir, de qualquer forma, assim como não havia conseguido, desde que fora trancafiada ali.

A maga estelar passara cada segundo de seu recente cárcere remoendo a própria situação, tentando compreender como exatamente chegara àquele ponto.

A cela em que estava enclausurada não possuía nenhuma janela. Nada que a ligasse ao ambiente exterior. Sequer ruídos transpunham as brutas paredes.

Estava no subsolo afinal.

No subterrâneo do Centro Provisório de Detenção Mágica de Magnólia, aguardando seu transporte para ERA.

E a realidade de saber que seu julgamento estava marcado, combinada com o ato de imaginar o que aconteceria consigo a partir do momento em que chegasse no berço do Conselho Mágico, fazia com que seu corpo tremesse ao ponto de quase convulsionar.

Desolada, levou as mãos a testa.

Não conseguia acreditar, nem ao menos entender a razão de tudo aquilo. Estava sendo falsamente acusada de crimes terríveis: Participar da construção do Portão do Eclipse e do Portal dos Mundos e, o pior de tudo, matar Yukino Aguria.

Dupla Traição e Homicídio

E, por mais leiga que a loira fosse em assuntos jurídicos, ela conhecia perfeitamente a pena que poderia ser aplicada a quem cometia qualquer um desses delitos:

A morte.

Considerando a melhor das hipóteses, na eventualidade de ser absolvida por algum deles, poderia ser sentenciada a prisão perpétua.

Contudo, sabia muito bem que as possibilidades não estavam a seu favor. Se ela estava naquela situação, era porque alguém muito poderoso queria que estivesse.

Queria silenciá-la? Ou existia algum outro objetivo sórdido por trás de toda aquela trama?

Novas lágrimas de desespero riscaram suas bochechas. Um soluço foi contido.

— Natsu... - Chamou baixinho, levando as mãos ao ventre, mesmo sabendo que não obteria resposta.

Pranteando em silêncio, Lucy acariciava a própria barriga, divagando o quanto aquela situação parecia irreal.

Menos de quarenta e oito horas antes, ela encontrava-se em pânico, por se descobrir grávida do parceiro de time. Todas as dúvidas e inseguranças que sentira ainda estavam frescas em sua memória, assim como o desespero provado.

A ideia de ser mãe.

A responsabilidade de cuidar de uma criança, sendo tão jovem.

Como era possível que toda sofreguidão a que fora submetida com a notícia da gestação, agora parecesse tão pequena?

Tão irrelevante?

Sequer poderia dizer que temia pelos desafios da gravidez.

Agora, um único pavor infernizava sua mente. A maga estelar estava aterrorizada porque não sabia o que seria daquela criança.

Ou mesmo dela própria.

— Natsu! - Chamou, mais forte, já não conseguindo manter-se em silêncio. - Natsu, Natsu, Natsu! - Repetia para si mesma o nome do parceiro, como se fosse um mantra. Como se aquela palavra pudesse acalmá-la, assim como o rapaz que a denominava havia feito tantas e tantas vezes.

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