Esclarecimentos....

399 52 13
                                    

   Deixei o antiquário ao meio dia e fui direto para casa da Isa, desejando evitar sequer pensar na Marilia, aquela filha da puta depravada. Ela era casada! Não lhe ocorreu que ela era casada? Ainda que fosse uma farsa, como ela pôde se esfregar naquela vagabunda?

Almocei com ela, e logo comemos um bolo feito por ela. Acabamos indo para o parque municipal, lotado naquela tarde ensolarada.

- Como foi o jantar com a Marilia? – ela perguntou enquanto nos sentávamos na grama, aproveitando ao máximo o sol.

- Não foi – suspirei – A Marilia teve um encontro.

- O quê? Com uma garota? – ela se apoio no cotovelo, levantando os óculos escuros. Assenti. Seu rosto, normalmente luminoso, escureceu – O que ela está pensando? Ela é casada!

- Foi exatamente o que pensei. Quer dizer, tudo bem que não somos mesmo casadas, mas ainda assim, como ela pôde ter um encontro? Droga Isa! Eu sou uma esposa traída.

- Não posso acreditar! Simplesmente não posso acreditar! – cuspiu ela ofendida. Isa era esse tipo de amiga. Meu calo, seu calo. Por essas  e outras, eu tinha certeza de que ninguém no mundo, tinha uma amiga melhor que a minha – A Marilia foi uma idiota. Pela primeira vez, ela foi uma completa imbecil!

- E fica pior. Ela saiu com a Camila. Ela trabalha com a gente no setor nove. – me sentei abraçando os joelhos.

- Ela... ela é bonita? – Isa perguntou cautelosa.

Dei de ombros

- peitão, cinturinha fina e muito atirada...

- Que tragédia! – ela colocou a palma da mão sobre a testa.

- Isso para não mencionar as roupas que ela usa. Fico pensando: se no escritório ela usa aquelas decotes imagina o que ela veste num encontro? Biquíni? Com certeza algo que exibi aqueles peitões. É  só o que ela tem a oferecer. – resmunguei despeitada.

- Deve ser silicone – Isa se apressou.

- É! Com certeza são falsos! Mas, Isa isso não muda o fato de que a Marilia esteve com ela e não se importou com esse detalhe. – murmurei desviando os olhos.

Ela suspirou.

- Sinto muito, Maih – e passou o braço ao meu redor. Descansei a cabeça em seu ombro, e ela apoio o queixo em minha cabeça.

- Isa, se eu te contar uma coisa, você vai me achar maluca? – eu tinha que dividir aquilo com alguém.

- Eu sempre te achei maluca – ela riu um pouco

Sorri levantando a cabeça. Houve um momento de silencio, apenas o vento fresco silvava ao nosso redor. Ela me olhava intrigada, curiosa e um pouco confusa.

- Eu tenho falado com a vovó... em sonhos – confessei, desviando o olhar para os atletas de fim de semana que se acabavam de correr na via pavimentada ao redor da lagoa.

- Muita gente sonha com entes queridos que já se foram. É normal, Maih.

- É, mas... – virei a cabeça para encara-la – Mas é diferente. É como se ela estivesse mesmo ali. Ás vezes, não sei se está mesmo acontecendo ou se estou sonhando. Tudo parece real. Tão, tão real, Isa! Eu nunca tive sonhos assim antes. De repente a vovó está ali e tenho certeza que estou acordada, só que depois descubro que não estou – suspirei – Você acha que eu fiquei louca e meu subconsciente anda criando essas conversas?

Ela se calou por um momento, deliberando antes de continuar.

- Tem muita gente que consegue se comunicar com espíritos. A conexão com sua avó pode ser tão forte que permite que vocês continuem ligadas uma na outra, mesmo agora. Sobre o que vocês conversaram?

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora