Acordando ao seu lado

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Acordei com beijos deliciosos na nuca. Mãos macias e suaves  acariciavam minhas costas. O aroma de café impregnava o ar. Eu podia me acostumar com aquilo facilmente.

- Bom dia Maih – murmurou Marilia em minha orelha.

Virei-me, me enroscando em seu pescoço.

- Bom dia – resmunguei.

- Está com fome? Imaginei que estaria e pedi o café. Você teve uma noite muito agitada. – ela mordiscou minha bochecha sorrindo.

- Só um pouco.

Marilia tocou os lábios quentes em meu pescoço antes de alcançar a bandeja cheia guloseimas. Café, leite, ovos, croissant, vários iogurte, frutas e sucos. Meu estômago roncou ao ver a fartura.

Ela riu.

- Que bom que não está com fome – zombou

Sentei-me enquanto ela me servia, prendendo o lençol sob  os braços.

- É que normalmente eu demoro pra acordar. Estar com os olhos abertos não significa que eu esteja realmente desperta. Você viu o que aconteceu naquela manhã depois da tempestade...

- Obrigada pela dica – ela me passou o prato abarrotado de comida colocando um morango em meus lábios.

As cortinas estavam fechadas, por isso eu não fazia ideia de que horas eram. Aproveitei para observar o quarto, já que na noite anterior estava bem concentrada em Marilia. Era simples e requintado, com móveis retos e elegantes, de muito bom gosto. Eu não imaginava que pudesse existir um lugar mais perfeito para nossa esperada noite de núpcias.

- Sabia que eu nunca tinha me hospedado nesse hotel? A vovó sempre se hospedava, pelo menos uma vez por ano, em cada um dos hotéis da rede, pra se certificar de que o serviço estava sendo bem feito. Mordi uma rosquinha macia coberta de glacê. – Delicia de Hotel.

Marilia sorriu, um sorriso de tirar o fôlego.

- Também vou levar lembranças muito agradáveis. – disse tomando seu suco de laranja.

- Sabe você podia ter dito logo de cara que se sentia atraída por mim. Teria facilitado muita coisa.

- Podia, mas e se você não sentisse o mesmo?

- Alguma vez, quando nos beijamos, eu dei a entender que não queria?

Ela sacudiu a cabeça.

- Você entendeu. E se você estivesse apenas querendo suprir o espaço deixado pela sua avó? Já imaginou como os próximos onze meses seriam constrangedores pra mim? – falou me encarando atentamente, procurando sinais de que pudesse ter dito a verdade – Mas naquela noite em  que você estava com medo da... hã... em que eu estava entediada, eu vi algo em seus olhos. Algo que eu queria tanto, mas que ia contra tudo que eu prezava. Você parecia me desejar e eu estava louca por você. Queria tanto que o que eu vi nos seus olhos fosse real. Estava tão perto de arruinar tudo.... Como já não sentia em meu juízo perfeito, decidi pedir ajuda, e pretendia contar pro Paulo sobre nossa situação. Talvez alguém de fora pudesse ver as coisas com clareza. Mas aí te vi com aquela advogadazinha toda bonitinha e... Desculpa por aquilo – ela disse, mas sorriu descaradamente.

- Marilia, vamos deixar uma coisa bem clara. Eu sinto muita falta da vovó. Tanta que ás vezes acho que vou morrer, que vou sufocar até definhar de tanta saudade. Nunca vou deixar de sentir saudades dela. E ninguém nunca vai poder substituir a vó Mercedes no meu coração. Nem mesmo você. O amor que sinto por ela é diferente, ela é família. O que eu sinto por você é... outra coisa. É... hã... é como... se eu estivesse me afogando e de repente conseguisse encontrar a superfície. – em nunca tinha sido boa com essa coisa de declaração, mas esperava que  ela compreendesse o que eu sentia.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora