Novas amizades

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Assim que cheguei á M&C naquela manhã, notei olhares diferentes. Não havia mais hostilidade neles, e até vi alguns sorrisos tímidos e acenos de cabeça. Estranho, já que ninguém nunca falava, sorria ou acenava para mim sem que fosse estritamente necessário.

- Marilia tem alguma coisa na minha cara? – perguntei enquanto seguíamos pelo corredor em direção ao nosso setor.

Ela examinou meu rosto atentamente.

- Não.

- Humm...

Ela não pareceu notar a diferença no ambiente. Na verdade, não notara muita coisa em mim desde a noite anterior. Como eu esperava, ela estava mais distante do que nunca. Pela manhã, agira como todos os dias, prestativa e educada, como se nada tivesse acontecido entre mim, ela e o sofá. Nem sombra da mulher apaixonada que me beijara com tanto arrebatamento menos de dez horas antes. Eu teria que cavar fundo se quisesse traze-la á tona outra vez. 

     - Oi, Maiara. Eu estava pensando se você quer.... Almoçar comigo – uma  garota de cabelos ondulados, que nunca tinha falado comigo antes, me convidou, parecendo nervosa. Era uma das secretárias do segundo andar.

- Hã... Eu... Como é mesmo o seu nome? –  perguntei.

- Alessia – ela sorriu, sem graça – Desculpa não ter me apresentado antes.

- Relaxa. Humm... Tá bom vamos almoçar sim.

- Ótimo! – ela sorriu e seguiu em frente.

Olhei para Marilia, que finalmente notou a diferença.

- Estranho não acha? – indiquei a garota com a cabeça.

- Talvez – ela disse pensativa – Parece que você conseguiu furar a geleira.

- Mas como? Eu não fiz nada de diferente nos últimos dias.

- Quem sabe finalmente viram quem você é de verdade – ela deu de ombros.

- Duvido muito.

Diversas pessoas me convidaram para sentar com elas na hora do almoço, para nos conhecermos melhor, para saberem mais sobre mim, para me darem dicas de como passar ilesa pelo RH caso me atrasasse outra vez. Era como, se do nada, todos tivessem esquecido a repulsa gratuita que sentiam por mimi.

Fiquei desconfiada quando entrei no refeitório para almoçar, mas Alessia estava sorrindo, ansiosa, a uma mesa perto da janela. Marilia se juntou ao pessoal da comex e fui me sentar com ela.

- Pensei que você não fosse falar comigo, depois  da forma como te tratei. – começou ela sem graça.

- Você fez alguma coisa que eu devesse me lembrar? – comi um pedaço de frango frito.

- Bom... Não – ela disse constrangida, olhando para a bandeja. – Mas exatamente por isso você devia estar chateada. Ninguém fez o mínimo esforço para te conhecer.

- Nem notei, Alessia – menti, sorrindo. Estava intrigada com a súbita mudança e queria saber o que ela pretendia.

No entanto, acabei não descobrindo nada. Alessia deu inicio a uma sessão interminável de perguntas, o que eu estava achando do emprego, como era minha vida antes da vovó morrer, como era meu relacionamento com ela, que filme eu gostava, o que eu preferia, Louboutin ou Choo. E ficou bastante surpresa quando eu disse que gostava mais de sapatos de estilistas desconhecidos.

- Ah, meu Deus! Eu também! – ela exclamou, como se tivesse acabado de descobrir o Santo Graal – Eu pensei que você fosse metida a besta e só usasse grifes extremamente caras! Caramba a Julia tem que ouvir isso – e gritou por Julia, uma garota bonita e tímida que se escondia atrás de grandes óculos de grau.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora