Invadindo seu quarto

453 55 7
                                    


   - Vamos deixar seu quarto com cara de menina! - Anúncio Isa, erguendo algumas sacolas logo que abri a porta.

     - Já era hora. - Mas eu não me sentia animada.

    - Que foi? - Ela perguntou, fechando a porta atrás de si enquanto eu a ajudava com as sacolas pesadas.

    - Nada, Isa. - Respondi, evitando seu olhar.

     - Cadê a Marilia?

     - Não sei. - Dei de ombros, deixando as sacolas sobre a mesa. - Ela me deixou em casa depois do trabalho e disse que tinha que resolver uns assuntos, nem desceu do carro.

    - E por que você está com essa cara?

   - Não faço ideia. - Gemi desamparada,  me jogando no sofá afundado a cabeça na almofadas. - Eu não consigo parar de pensar em... Bom...  na Marilia!

    - Eu sabia! Você está apaixonada por ela. - Ela se sentou do meu lado beliscando minha coxa. - Eu sabia que isso ia acontecer. Na verdade, desconfiei desde quando você me contou que odiava a Marilia.

     - Espera aí, Isa. - Me sentei imediatamente. - Ninguém aqui falou em paixão. Eu só.... Se.... lá... estou surpresa com algumas coisas. A Marilia e bem diferente do que eu tinha imaginado.

     - Porque, quando ela era groceirra. - Se bem, pensando melhor, na maioria das vezes ela apenas reagia as minhas provocações. - Era fácil ignorar aquele sorriso ou o brilho em seus olhos. Marilia agora que ela está sendo toda gentil, educada, comprando toneladas de iorgutes e chocolates, as coisas haviam mudado. Já era bem difícil refrear minha imaginação e manter longe da cabeça as imagens dela usando roupa de ginástica.

     Marilia não deveria ser educada comigo, nem gentil. E, sobre tudo não deveria me tocar do jeito que toca, e seus olhos não deveriam, jamais, em hipótese alguma, brilhar como dois sois quando olhavam para mim. Era tão injusto.

     - Você já disse isso. - Isa comentou. - Aconteceu algo de especial?

    - Ah, nada de especial, fora que quase nos beijamos em pleno expediente, mas não aconteceu nada.

     - Vocês o quê? - Ela arregalou os olhos.

       - Eu disse quase, mas sabe o que está me matando?

       - Vocês não terem se beijado? - Suas  sobrancelhas se arquearam.

      - Não. Bom sim, isso também. Mas não é só isso, Isa. O que mais me mata é que ela não falou comigo depois disso, nadinha. Ficou calada o resto da tarde, e não trocamos uma única palavra enquanto voltamos para casa.

     - Hummmm... - Ela colocou o indicador na ponta do queixo. - O que você acha que aconteceu?

    - Tenho certeza que ela se deu conta do erro que quase cometeu e não quer esse tipo de intimidade comigo. Eu também não quero, ia complicar tudo, sabe?

    - Não! Não sei. Ela é sua esposa. - Ela apontou.

     - Em teoria, e só por mais alguns meses.

      Ela revirou os olhos.

     - Acorda, Maiara! A Marilia só vai cair fora se você deixar. Você acha que eu não saquei o que esta acontecendo? Tá na cara que ela sente alguma coisa por você. Não sei dizer o quê, ainda, mas ela sente, pode acreditar. O que eu quero saber é o que você sente por ela. É só atração ou algo a mais?

      - Ah, Isa, sei lá. Ela é legal, me sinto bem perto dela. Ela sorri de um jeito que parece iluminar a sala toda, e eu.... gosto de conversar com ela. E muito  estranho.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora