Divorcio

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Depois que Inês se prontificou a me ajudar, entendeu o que eu queria e prometeu fazer tudo exatamente como pedi, fui para o setor nove, me sentindo um pouco instável. Marilia estaria lá. Como seria nosso reencontro? Ela ao menos falaria comigo?

Mal saí do elevador e meu celular tocou. Era Isa. Aproveitei para confirmar tudo.

- Hoje a noite, Maih? Tem certeza?

- Se quiser, ainda dá tempo de desistir – alertei

- Nada disso. Estarei pronta, mas... hã... que roupa eu uso? Eu nunca invadi nada antes.

Revirei os olhos.

- Qualquer coisa discreta e confortável, que permita subir em muros, se enfiar embaixo de móveis, pular janelas, essas coisas.

- Humm... Acho que não tenho nada pra usar. Vou dar uma passada no shopping antes de ir pra casa.

- Isa! Eu aqui, louca de preocupada com o perigo de acabarmos na cadeia, e você preocupada com a roupa que vai usar? – Marilia entrou no corredor e parou quando me viu. Acho que meu coração também. – Preciso ir, Isa. Até mais tarde.

Endireitei-me, alisando meus cabelos, tentando parecer indiferente e falhando vergonhosamente. Marilia ficou um momento ali, parada me olhando de um jeito indecifrável. depois encarou o chão.

- Oi – murmurei, com o coração aos pulos.

Tudo bem eu estava furiosa por ela não ter me ouvido e magoada por ela pensar tão mal de mim. Mas eu não podia evitar ama-la. Simplesmente não dava para não reagir á sua presença. Era o mesmo que tentar capturar o ar com a peneira. Impossível! Por isso eu me negava a acreditar que estava tudo acabado entre nós.

- Oi. Você saiu de casa. – ela acusou.

Respirei fundo.

- Você sabia que eu ia fazer isso.

- É acho que sabia – ela murmurou, olhando para suas unhas perfeitamente pintada de vermelho. – Acabei de assinar a papelada do divórcio. A secretária do Simon está esperando para levar ao cartório.

- Já? – me segurei na parede fria para não cair.

- O Simon não perde tempo, não é? – ela levantou a cabeça para me encarar, algo perigoso brilhava em seus olhos.

- Marilia... – sacudi a cabeça – Preciso falar com você.

- Imagino que não seja importante. Se fosse, você teria ficado em casa ontem e esperado eu voltar para conversarmos.

- Você está começando a me deixar muito irritada, Marilia. Está agindo como uma completa idiota!

- E não é essa a função das ex-esposas? – ela abriu um sorriso tão agonizante que comecei a tremer. – É a sua vez de assinar. Vamos acabar logo com isso – me estendeu os papéis e uma caneta e esperou.

Magoada, peguei os documentos e assinei ali mesmo, usando a parede como apoio. Devolvi tudo a ela com as mãos trêmulas.

- Pronto. Não tem mais nada a ser feito – ela disse e me deixou ali, plantada como uma planta, observando-a se afastar e entrar no elevador.

Não havia mais nada a ser feito. Estávamos oficialmente separadas. Acabou.

Pelo menos agora Marilia está a salva. Fiquei repetindo isso como um mantra, na tentativa de passar a acreditar em algum momento.

Mal consegui me concentrar naquela manhã. Fiz muito pouco antes de descer para o refeitório e encontrar Camila no caminho. Eu não havia me esquecido de seus serviços de harcker e de seu ataque a Marilia, mas aquela ainda não era a hora de acertar nossas contas.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora