Eu te amo, Maiara

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A mesma enfermeira que tivera a bondade de me informar o que estava acontecendo enquanto a Marilia estava sendo operada, trouxe uma sacola com os pertences dela. Pouco depois, o celular da Marilia vibrou dentro da sacola. Alcancei o aparelho e atendi.

- Maiara, eu quero falar com a palhaça da minha irmã agora. O que ela me disse mais cedo era mentira, não era? Vocês não se separaram, não é?

- Hã.... acho que estamos divorciadas, sim, João. E a Marilia.... Ela....  Estamos no hospital – e comecei a chorar – Ela foi ferida. Um tiro no ombro esquerdo....

- O quê? O que foi que aconteceu? Você atirou nela?

Ainda um pouco histérica, comecei a rir em meio aos soluços e como não estava em condições de formar frases coerentes, deixei que tudo saísse aos trancos e narrei a ele tudo que aconteceu na mansão.

- Estamos indo para ai agora- ele avisou- Vai ficar tudo bem. A Marilia vai ficar bem.

agora, mas parece bem.- Eles só vão deixar vocês entrarem amanhã de manhã. Ela está dormindo

- Vamos pra aí mesmo assim.

Argumentei, discuti, implorei, até fiz ameaças quando o medico retornou com a intenção de me expulsar do quarto. Ele entendeu que eu não sairia do lado da Marilia e, a contragosto, me permitiu passar a noite ali. Foi uma longa noite insone.

Em uma das muitas visitas da equipe de enfermagem, o soro foi retirado do braço da Marilia, me deixando um pouco mais tranquila.

Encostei a cabeça no braço da mulher que eu amava com tanta intensidade que chegava a doer, para que pudesse sentir seu calor, seu cheiro. Fechei os olhos desejando voltar no tempo, desejando nunca ter feito aquele maldito acordo e a colocado em perigo. Desejei ter conhecido a Marilia aos poucos, como todo mundo faz. Convida-la para sair algumas vezes, dar uns amassos no carro, ter brigas que sempre terminariam na cama, uma história comum, como tantas outras. Fiquei encarando a janela até que a luz do dia, ainda tímida, invadiu o quarto.

Senti algo tocar meus cabelos.

Ergui a cabeça e vi sua mão macia me acariciando, os olhos bem abertos.

- Marilia! – pulei da cadeira para abraça-la, mas mudei de ideia no último minuto ao me lembrar do seu ferimento. – Você está bem? Precisa de alguma coisa? Vou chamar a enfermeira.

- Não – ela resmungou – Fica aqui.

Fiquei imóvel ao lado da cama.

- Como você está se sentindo? – que pergunta idiota! É claro que eu sabia como ela estava se sentindo. Como alguém que acabara de levar um tiro.

- Estou bem – ela disse – Um pouco zonza, mas bem.

- Acho melhor chamar o medico.

- Provavelmente vai vir alguém daqui a pouco, isso é um hospital. – ela riu. Fazendo uma careta involuntária para esconder a dor. – Você está bem?

- Eu? Como você se atreve a me perguntar isso estando ai, nessa cama? – toquei sua testa e constatei que estava fresca, na temperatura certa. Até sua estava melhor, natural, mais corada.

- E o Simon?

- Está em um quarto cercado de policiais – dei de ombros e deixei minha mão cair sobre o colchão. – A última vez que vi o Simon, ele estava desmaiado na sala da mansão. Mas foi trazido para o hospital. A Isa foi dopada e a Luisa está com ela. Também apagaram a Magda. A Sheron não teve nenhum ferimento grave e logo vai ser liberada.

Ela assentiu, com os olhos distantes.

- Marilia, me perdoe por ter sido tão idiota! – comecei – Eu juro que não sabia que o Simon estava armado. Nunca imaginei que ele seria capaz de chegar a esse ponto. E nem pensei que você seria burra o bastante para saltar na frente de uma bala no meu lugar.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora