Naquela manha, ela me deixou

487 63 2
                                    

      - Maiara.. Sua avó descobriu ha algum tempo que tinha um.... Aneurisma celebral. - Ela disse como se isso fizesse algum sentido. - Era grande demais, incurável infelizmente. Hoje de manhã ela desmaiou e foi trazida desacordada para o hospital. A equipe médica fez o que pode para salvar sua avó, mas.....

       - O que você está querendo dizer? - Meu peito subia e descia rápido demais. A vertige me impediu de sair correndo com as mãos nos ouvidos para não escutar o que ele tinha a dizer. No entanto, eu já sabia o que viria a seguir, claro que sabia. Já havia estado naquela posição antes. De repente eu tinha cinco anos de novo ,mas dessa vez vovó não estava ao meu lado, me colocando no colo e dizendo que daríamos um jeito, que ficaria tudo bem de alguma forma.

       Saimon retirou os grandes óculos do rosto e esfregou os olhos.

     - Sinto muito, Maiara. Não havia nada que pudesse ser feito para salv....

    - NÃO. - O grito explodiu em minha garganta antes que eu pudesse sequer piscar. A dor era tão intensa que adormeceu meus membros. Um vazio preencheu o local onde ficava meu coração. - Não! Ela não pode fazer isso! Eu não posso perder minha vó  também! Ela precisa ficar comigo.

        - Eu só tenho ela Saimon, só ela.

    - Sinto muito querida, você precisa ser forte agora. - Braços fortes e gentis me envolveram, mas lutei furiosamente contra eles. Eu não precisava ser consolada. Precisava da minha vovó do meu lado.

    - Me solta! Preciso falar com a minha vó. Eu quero ver minha vovó. AGORA! Ela não pode me deixar, simplesmente não pode..... me deixar aqui.

    Mas ela pode, naquela manhã ela me deixou.

     Enquanto o padre discursava sobre a generosidade da minha vó, eu me alienava daquilo tudo, encarando fixamente um arranjo de rosas brancas, como se não fossa da minha avó morta que  o padre estivesse falando. Doía menos dessa forma, encarei aquelas flores com raiva, detestava rosas brancas desde criança. Havia sentenças delas no enterro dos meus pais. E havia milhares delas no enterro da minha vovó, flor da morte. Eu detestava a morte, eu não deveria odia-lá tanto agora, já que não sobrará mais ninguém, todos estavam mortos. Perdi meus pais para um terrorista e vovó para uma doença estúpida. Eu não tinha o que temer, não é?
   
      Recebi muitos abraços e condolências na saída do cemitério, a maioria amigos da vovó. Alguns wu tinha plena consciência da falsidade nos rostos de alguns companheiros de negócios da vovó, que estavam ali só por uma média. Saimon advogado de longa data da vovó, tomara conta de tudo desde sequela manhã fatídica. Ele resolveu tudo desde o funeral até os empregados enquanto eu chorava no quatro da vovó que ainda tinha seu delicioso cheiro. Só sai de lá com os protestos da Maraisa, qua ameaçou chamar os bombeiros caso eu não abrisse a porta e comesse alguma coisa.

     - Como está se sentindo? - Saimon perguntou quando eu já estava no estacionamento da igreja.

    - Cansada, eu só quero ir pra casa. - Para o mausoléu que se tornou fazia uma semana.

     - Hã.... Sei que não é uma boa hora para isso, Maiara mas sua avó me deixou instruções para que o testamento fosse aberto após a missa do sétimo dia.

     - Não pode ser amanhã? - Eu só queria ir pra casa e chorar. E pedir muito?

     - Sinto muito, ela deixou ordem expressas para que o testamento fosse aberto sete dias após seu falecimento.

    Suspirei, fechando os olhos.

    - Tudo bem, Saimon. - Cedi. - Vamos acabar logo com isso.

    Ele assentiu.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora