PROPOSTA

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   Marilia observava entediada, o movimento de clientes que entravam e saiam do café. Com sua expressão  de impaciente.

    - Não pode ser ela! Não a Marilia. - Comecei a voltar para o carro. - Vamos embora, Isa agora!

    Ela correu para me alcançar.

    - Que Marilia? A da M&C? Que você não gosta? Aquela que vice diz que te detesta, mas que pagou sua gasolina?

    - Bingo!

     - Mas.... Ela é linda. - Ela parecia confusa. - Como você pode não gostar dela?

     - Você não tem ideia de como essa mulher é groceirra. - Eu disse destravando a porta  do carro com o botão da chave.

    - Você não vai falar com ela? - Ela se postou na frente da porta do motorista, me impedindo de abri-la.

     - Óbvio que não, a Marilia ia contar para o Saimon o que eu estou tentando fazer antes mesmo que eu saísse de café, e aí já era qualquer possibilidade de retomar as rédeas da minha vida.

    - Mas ela na pode contar, afinal também está aqui. - Ela apontou. - Ela também está  fazendo algo errado.

    Sacudi a cabeça impaciente.

    - Pode ser uma armação para me pegar no flagra. Vamos para casa antes que ela me veja.

    - Como essa Marilia poderia saber que o anúncio era seu? - Rebateu ela. - Você não colocou seu nome, e pela cara de impaciente ela parece nervosa. Você não está nem um pouquinho curiosa pra saber por quê ela respondeu a um anuncio desse tipo.... Hã. - Ela parou abruptamente e olhou fixo para o meu ombro esquerdo, levantando as mãos espalmadas. - Não se mexa e fique calma, vai ficar tudo bem.

    - Por que você está dizendo iss.... Aaah! - Virei a cabeça, então a vi. Pequena, azul e mortalmente assustadora, a borboleta pousou em meu ombro esquerdo. Gritei e me debati violentamente. - TIRA ISSO DE MIM.

      - PARA! - Pediu Isa tentando me imobilizar e ao mesmo tempo tirar o bicho. - Assim você vai machucar a borboleta.

     - Sai, sai, sai. - Me contorci freneticamente.

     - Pronto, Maih pode parar ela já foi. - Minha amiga apontou para a borboleta,  que voava serelepe até pousar na janela que estávamos grudadas poucos instantes. - Ah, é um sinal.

     - Sim de que borboletas resolveram me atacar, elas estão por toda parte. - Reclamei, tentando controlar meu ritmo cardíaco e os tremores involuntários. - Vi uma igualzinha a essa na garagem da mansão um tempo atrás.

     - Você vê várias porque tem medo, mas borboletas significam coisas boas em quase todas as religiões, ela traz sorte. E essa aí quer que você entre lá. - Ela apontou para o café.

    - Era só o que me faltava. - Revirei os olhos. - Segui os conselhos de uma largata.

     - Por favor, Maih. Só uma conversinha rápida. - Ela uniu as mão em súplica. - Você me deve uma, eu te salvei da borboleta.

     Eu gemi.

     - Tabom, eu vou falar com ela. Mas, se eu desconfiar de qualquer coisa, saímos correndo.

     - De acordo. - Ela sorriu satisfeita.

     - Faica por perto, caso de.... Sei lá... Só fica por perto. - Alertei.

    - Prometo. - Ela assentiu crusando os dedos indicadores e dando dois beijinhos.

     Lentamente e mantendo uma distância segura do inseto que ainda estava na janela, como se me observasse entramos no café. Isa correu para um dos bancos altos do balcão. Dirigir-me para os fundos. Marilia me viu e imediatamente inrejeceu. Por um momento seu rosto tornou inexpressivo,  depois um rubor caótico tomou conta das suas feições. Ela acenou brevemente com a cabeça e olhou para os lados, como se procurasse uma rota de fuga. Pareceu em pânico ao me ver seguir em sua direção e sentar na cadeira a sua frente.

Procura-se Uma EsposaOnde histórias criam vida. Descubra agora