Casulo

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Em todos os cantos,

Vejo apenas sombras escuras

Que camuflam todo o espanto

Sentido por essas criaturas.


Aqui, não há mais espaço

Para qualquer contradição

Porque nem o melhor abraço

Pode salvá-los dessa escuridão.


Sem a remota possibilidade

De se haver alguma reação,

Eles desistiram da própria criatividade

Para conseguir se adequar numa realidade

Que lentamente os matou, sem nenhuma questão.


Agora, a sombra que antes os protegia

Passou a consumi-los

E já não sobrou nada do que deveria

Existir nesse meio

E sem qualquer receio,

Fazem o mesmo com quem se aproxima.


Para evitar qualquer rejeição,

Envolveram-se nesse casulo,

Mas ao invés de saírem como uma borboleta,


Transformaram esse envoltório numa prisão

E de lá não sairão, eu calculo,

Permanecerão lá, mantendo essa imagem externa

Para satisfazer os anseios dessa sociedade obsoleta, 

Mas infelizmente eterna.





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