Retirante

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Um espírito vagante entre árvores e concretos

Boné, escoliose e incontáveis segundos

Pouco a pouco torna-se mais um objeto

Da paisagem segregada de um pequeno mundo


De um corcundo corpo bêbado em memórias

Vê-se apenas uma deteriorada carcaça

Afogada no seu livre paraíso de histórias

Esquecidas nas teias da garganta de cachaça


Protegido pela compaixão das moscas varejeiras

Amedronta o vento com sua desesperada tentativa

De frasear sua vida pela possível última vez:


"Todas as manhãs, para mim, foram as primeiras

Porque, estando descoberto, a foice da Lua minguante

Poderia, todas as noites, ceifar as dores das semanas paliativas

Desse empobrecido homem retirante

Fugido da moralmente sólida insensatez

Refugiado na companhia de densos esquecidos

Cujas pernas tornaram-se brutas raízes

Partes do lixo industrial desse cenário moralista:

Engolido pelo capital de quem nunca deveria o ter tido;

Regurgitado pelo ácido do discurso dos falsos juízes

Que ignoram os pensamentos dos de fora da sua vista"







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