Necrotério da Neblina

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O tintilar estrondoso dos sinos da necrose

Os gritos de uma carabina compulsória à guerra

O ódio sangrando os olhos da suja terra

Dos soldados aposentados pelo choro da metamorfose


Do orvalho da planta viva pra um pranto que nada mais chove

Um sonho valseado pelos três quartos de Johann Strauss

Transposto ao mais atrofiado pesadelo de Rachmaninov

No necrotério da neblina de um Guilherme e dois Nicolaus


É um irônico disparo que termina o Dezenove,

Assassinato cego de um mundo em visões futuras

Destruído por tronos mortos nos dias seguintes


O mesmo disparo que saiu da garganta de um Romanov

Atravessou seu peito com o grito de um povo às escuras

Iluminado com a raiva do início do tumultuado Vinte




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