Arrebatamento

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I

O maior erro de toda minha vida

Foi tocar em ti

Joia rara, pelos deuses esculpida

Depois disso, não soube mais viver sem você aqui


És um portal para toda verdade

E se transforma na minha verdade

Suprema, incontestável

És minha lei, minha moral

Por ti, sou regido

Movido pela tua vontade


Ao te, por pouco, resvalar

Senti o verdadeiro gosto do prazer

Por poder entender

O que era Deus


E era você,

A água do oceano que eu quero me afogar

As chamas do fogo que eu quero me queimar


Sou o maior dos ateus em tua morte

Porque sei que és infinito

E se morrer, provará que nada nesse universo maldito

Pode ser considerado divino


Em tua falta, fecham-se as cortinas

Em tua morte, finaliza-se o espetáculo

És a fonte da minha vida

Com tua inexistência, viverei às sombras do passado.


II

A força de um motor

Sempre depende de uma energia

O meu se movimenta com o amor

Que me estarrece na tua alegria


Tal qual na física

És a força motriz da minha máquina

Minha vida provém do teu sorriso

Meu trabalho é tua felicidade


As correntes que circulam nas minhas veias

São nada além da eletricidade

Que de ti recebo


Se um dia essa fonte se esgotar

Esgotarei-me em eterna saudade

E meu átomo em fissão nuclear.


III

Empatia é insuficiente

Porque não me ponho no teu lugar

Mas o vivo sem nem julgar

Pois és o escape da minha mente


Minha segurança, meu abrigo

Quando me invade a desesperança

Sinto novamente o futuro ao estar contigo

Vejo à frente o retorno da luz e do meu brilho


Então, em tua retirada

A minha fuga se perde no meio do caminho

E eu me perco na estrada, ficarei inexistindo


Se fores embora

Avise-me a hora

Para que eu esteja dormindo.












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