Engana-se quem vê uma mulher e a compara com uma simples flor: linda, delicada, perfumada e pronta para ser despetalada. Os espinhos são como a triste e dura realidade que quase sempre elas têm de sobreviver para exalar o mais natural dos perfumes. Quem a vê brilhar, não é capaz de imaginar tudo ao que teve que sobreviver para chegar até ali.
Anahí mantinha o olhar fixo na lápide branca com letras douradas, onde reluzia o nome de Eric Taylor.
Quem a visse ali, sem a conhecer, até poderia jurar que ela sofria com a perda de um ente querido, mas mal sabiam da verdade. Era o fim da vida dele, e o começo de uma para ela.
Passou o dedo por debaixo de seu olho como se secasse uma lágrima, que não existia. Tudo o que tinha ali era um sorriso contido e um olhar aliviado.
Olhou para o céu com um suspiro, vendo-o ser rasgado com força por um raio, o estrondo pouco segundos depois anunciando a tempestade que começava a se formar.
— Adeus, seu desgraçado — Bateu o pé no gramado, antes de colocar seus óculos de sol e cobrir o rosto com o véu preto. As primeiras gotas começaram a cair sobre seus ombros, mas isso não a incomodava. A chuva lavava sua alma.
— Senhora Taylor — Anahí manteve os olhos fixos nas letras da lápide, ouvindo os passos leves que se aproximavam — Imaginei mesmo que a encontraria por aqui — Suspirou, colocando as mãos no bolso de seu sobretudo — Sinto muito por sua perda — Se lamentou, atraindo o olhar dela.
Anahí: Mas eu não — O sorriso que antes era contido, agora ganhava força e intensidade em seus lábios — Não podemos dizer que ele não mereceu — Encolheu seus ombros com falso pesar.
Henry: Você o matou? — A olhou de relance com um sorriso nos lábios.
Anahí: Eu realmente queria, mas não — Suspirou, voltando a olhar para a lápide — Eu sou uma mulher que vive pelas leis, Henry. Não mataria meu marido, por mais filho da puta que ele fosse — O homem assentiu, desviando o olhar.
Henry: Tenho um trabalho para você — Estendeu um cartão a ela — Seu trem parte amanhã as nove — Anahí franziu o cenho encarando o nome escrito no cartão — Use e abuse de sua beleza, não tenha compaixão do sujeito. Vai encontrar alguém que vai te ajudar com tudo o que precisa saber.
Anahí: O que queremos? — Levantou o cartão entre os dedos — Me parece um negócio licito.
Henry: Tem muito mais por trás disso aí — Entregou, apontando para o nome — Não se engane com um nome bonito em um cartão de visita. Ele não é um homem comum, fique atenta a isso.
Anahí: Tudo bem — Abriu seu casaco, guardando o cartão em seu bolso — Considere feito.
Henry: Anahí — Tocou o braço dela, impedindo que se virasse — Não o subestime — Alertou com o tom preocupado — Esse homem sabe exatamente o que fazer para deixar até a mais inteligente das mulheres aos pés dele. Não seja mais uma vítima, ele sabe jogar. E se você não estiver preparada para isso, ele te destrói com um simples movimento, e cospe todos os ossos como se não fosse nada.
Anahí: Então o farei jogar o meu jogo — Garantiu com uma piscadela, segura — Meus jogos, minhas regras — Ele suspirou, visivelmente preocupado — Não há com o que se preocupar, Henry. Farei exatamente o que precisa ser feito, sem desviar um só passo — Arrastou o sapato no chão, limpando-o e girando para sair dali — Eu ainda sou a melhor no que faço.
Henry: Não tire a sua aliança — Gritou, a chuva começando a cair de forma impiedosa — Ele tem uma estranha queda por mulheres casadas — Anahí apenas gesticulou para ele, continuando seu caminho.
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Crime e desejo
FanfictionNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...