Capítulo 29 - Would you lie?

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— Espera aí — Pediu, puxando uma cadeira para se sentar, e apontando para que Anahí fizesse o mesmo — O que você disse? — Ela suspirou, puxando a cadeira para se sentar de frente a Henry — Eu acho que não entendi direito.

Tampouco Anahí tinha entendido a facilidade com que aquelas palavras saíram por sua boca. Era a decisão de uma vida, renunciar a quem ela era, e de tudo o que acreditava.

Lutou por anos por seu direito, quase terminou um casamento para não perder sua identidade, quem realmente era.

E fazer parte da polícia era um pouco daquilo.

Havia se moldado dentro das regras de seu trabalho, separando com um imenso abismo o que era correto do que não era, vivendo dentro das margens da lei, repudiando tudo o que era ilegal.

E se viu renunciando a tudo o que era por um sentimento que nem sequer sabia nomear. Por alguém que não se importava tanto quanto ela com as coisas legais, com as consequências de um passo em falso. Alguém que não pensava antes de dar a vida por alguém com quem realmente se importa. 

— Henry, não está funcionando para mim — Meneou levemente o rosto, vendo-o agora totalmente desperto e atento àquela conversa dos dois.

Henry: Por que não tenta me explicar o que te fez chegar a essa decisão? — Pediu, sustentando um tom calmo e compreensivo.

Anahí: Você sabe que eu me entrego de corpo e alma no que acredito — Tamborilou o dedo sobre a mesa, e ele assentiu, acompanhando o movimento feito por ela — Acontece que eu não acredito mais que essa operação possa ser bem-sucedida. Eu não vejo mais onde posso ajudá-los. 

Henry: E por que não? — Apoiou o rosto em uma das mãos, olhando-a com atenção — Vamos, Anahí — Sorriu para ela — Você sempre pôde me contar tudo. Qual o receio agora?

Anahí: Conflito de interesses — Suspirou com pesar, negando com o rosto.

Henry: Façamos o seguinte — Se ajeitou em sua cadeira — Me conte o que está te incomodando, e eu resolvo se há conflito ou não — Deu de ombros — Simples e fácil — Ela arqueou uma sobrancelha, considerando aquela proposta. 

Anahí: Tudo bem — Aceitou, se inclinando sobre a mesa — Eu tinha uma única e clara missão: me aproximar de Alfonso Herrera e encontrar esse... maldito container — Relembrou, fechando brevemente seus olhos — Acontece que eu me aproximei de Alfonso, e acredito na inocência dele — Henry arqueou uma sobrancelha — E é exatamente aqui que entra o conflito — Apontou, batendo o dedo indicador na mesa — A investigação está completamente parada, vocês precisam de um culpado, um ponto de partida, com isso, a minha palavra de que Alfonso Herrera é inocente, não bastará. Pois eu estou encerrando um caso para vocês, sem dar um outro ponto de partida — Concluiu com um suspiro pesaroso — E vocês não querem ficar no zero com as mãos abanando, não é mesmo? Afinal, o que dirão ao comissário? Que fracassamos em uma missão dada pelo Estado? 

Henry: Anahí — Juntou as mãos sobre a mesa, buscando o olhar dela — Nós estamos aqui, a o que... três ou quatro meses? — Ela assentiu — A única coisa que eu tenho dessa investigação, é você infiltrada e em segurança na empresa de Alfonso Herrera — Pontuou de forma simples — Como é que eu poderia não confiar em sua palavra?

Anahí: Como? — Franziu o cenho, confusa — Você acredita nisso? No que estou lhe dizendo? — Henry assentiu — Acredita que Alfonso Herrera é inocente?

Henry: Eu já vivi tempo suficiente para ver de tudo nessa vida, senhorita Puente — Sorriu fraco para ela, meneando levemente seu rosto — Você é a melhor espiã que tenho, a mais inteligente e perspicaz. Não escondo de ninguém meu fascínio pelo seu trabalho, pela forma que se entrega em cada operação — Voltou a olhá-la — Se você está dizendo que Alfonso Herrera é inocente, eu vou acreditar. A única questão aqui é: ele vale a sua defesa?

Crime e desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora