Apesar de todos os problemas e barulhos externos que envolviam a vida pessoal e profissional de Alfonso, dentro de sua cabeça, estava tudo na mais perfeita ordem, paz e harmonia. Coisa que nunca aconteceu de forma semelhante em toda sua vida.
E agora, ele prezava isso mais do que qualquer outra coisa.
Já era começo de noite, fim de uma semana que parecia infinita.
Nunca houveram tantos problemas de uma só vez em sua empresa, e todas precisavam de sua total atenção.
E naquele exato minuto, era o seu ponto de paz. O fim de um dia intenso e produtivo.
Aparentemente, seus negócios estavam outra vez organizados. Retomou contratos que haviam sido quebrados durante a gestão de Arthur, fechou novas parcerias, aumentou a segurança de seus galpões, e instalou novos programas para que absolutamente tudo o que acontecesse no sistema de sua empresa, fosse de seu conhecimento.
Mas tinha uma única coisa que não conseguiu dedicar sua total atenção àquela semana, e era a única que ele mais sentia falta.
Anahí não estava mais por ali, não trabalhava mais em sua sala, após acusá-lo inúmeras vezes de tirar seu foco e concentração durante seu horário de trabalho, tornando-a completamente inútil e improdutiva.
Foi um protesto divertido, na verdade. E ele fez questão de derrubá-lo com vários beijos, o que a fez tomar a decisão de sair dali de uma vez. Ou os levariam a falência.
Isso reduziu a zero a chance de se encontrarem naquela empresa, principalmente durante aquela semana, onde ela fez questão de não o incomodar. Não ousaria distrai-lo por um segundo que fosse, ainda mais sabendo da extrema importância do que ele fazia.
Tirou seu celular do bolso, apoiando uma das mãos na vidraça, enquanto discava o número dela. Número esse que agora estava gravado em sua mente.
Precisava apenas ouvir a voz dela, a lembrança foi o que o manteve firme durante toda sua semana.
— Herrera? — Se virou ao ser chamado, apagando a tela de seu celular, e colocando-o em seu bolso.
Alfonso: Ah! Colin! — Sorriu para ele — Por favor, entre — Apontou para o sofá, se sentando em uma das poltronas.
Colin: Você... está bem? — Checou com o cenho franzido.
Alfonso: Estou bem — Abriu um botão de seu paletó, relaxando ao fim do expediente.
Colin: Isso é um tanto quanto... atípico — Alfonso cruzou as mãos na frente do corpo, esperando-o concluir — Você sorrindo, e de bom humor — Apontou, divertido.
Alfonso: Pois diga logo o que quer — O sorriso agora era irônico — Essa sua enrolação está conseguindo acabar com meu bom humor.
Colin: Esse é meu bom e velho amigo — Riu, meneando levemente o rosto — Pois bem, irei direto ao assunto — Se sentou na beirada do sofá, unindo as mãos — A morte de dois de seus funcionários tem chamado a atenção da polícia de Liverpool, isso é, eles estão com a atenção redobrada em você, em sua família e em tudo o que acontece aqui dentro — Alfonso assentiu, acompanhando o raciocínio do amigo.
Alfonso: Eu também iniciei uma investigação interna, para conseguir mais informações desses dois "acidentes".
Colin: Mas isso não para por aí — O olhou com atenção, conferindo novamente que estavam a sós — A essa altura, já tem alguém infiltrado dentro de sua empresa — Revelou, fazendo-o arquear uma sobrancelha — E não só para descobrir a sua ligação com essas mortes, mas também para encontrar o que pertence ao governo — Alfonso riu sem humor, se levantando — Isso é sério, Herrera — Se levantou, seguindo-o em direção ao aparador no canto da sala — Você pode estar prestes a levar uma facada nas costas, e nem sequer saberá de onde ela veio.
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Crime e desejo
Hayran KurguNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...