Capítulo 3 - Not with me

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Era a manhã de mais um agitado dia, mais uma manhã que Alfonso via chegar sentado em frente à janela de seu quarto. O pensamento vivia a milhão, os remédios que usava para dormir ia cada vez mais perdendo a eficácia, e todas as vezes em que fechava os olhos, era remetido a uma lembrança cruel dos tempos de guerra.

Se vestiu elegantemente, como todas as manhãs. O colete cinza por cima da camisa branca, que combinava com seu paletó preto. Os cabelos elegantemente penteados para trás e no rosto, a melhor expressão possível, tentando esconder mais uma noite sem dormir.

Andou até o prédio onde estava instalado os negócios de sua família, vendo seus funcionários andarem de um lado para o outro em uma agitação constante, exatamente como todos os dias. As importações e exportações eram feitas de forma legal, mesmo que fosse apenas uma fachada para manter o negócio principal que seu pai construiu.

Após a morte de Álvaro, quando assumiu definitivamente a liderança de todos os negócios deixado por ele, se empenhou para fazer o que era real crescer e prosperar, criando empregos, e levando o nome da empresa a nível internacional.

E era ali o lugar que se sentia em paz, sentado atrás de sua mesa com uma pilha de relatórios para preencher, cálculos infinitos para serem revisados, era isso o que fazia sua estima crescer, saber que no fim do dia, trabalhava para o bem, e fazia toda uma multidão de gente evoluir junto.

— Alfonso — Ele levantou os olhos ao ter a porta de sua sala aberta, encontrando com os olhos escuros da irmã — Achei que não viesse trabalhar hoje.

Alfonso: Pois aqui estou — Abriu seus braços, se encostando na cadeira confortavelmente — Aconteceu algum problema? — Questionou com uma sobrancelha arqueada.

— Só problemas, não é irmão? — Alfonso respirou fundo, apertando a ponte do nariz — Isso aqui, é só problemas — Jogou mais uma pilha de papéis sobre a mesa dele.

Alfonso: Então me explique — Pediu, cruzando pacientemente as mãos sobre a mesa — O que houve dessa vez?

— Eu posso não ser boa como você nos cálculos, mas sei reconhecer quando há uma diferença tão... gritante como essa aqui — Se sentou de frente para ele, pegando um dos lápis, rodeando alguns números nos papéis ali jogados.

Alfonso acompanhou atentamente cada um dos círculos, comparando brevemente os resultados mencionados. E não precisava ser nenhum gênio para entender o que Maite lhe falava.

Respirou fundo, apoiando as duas mãos sobre a mesa e se levantou.

— Alfonso, eu ainda não terminei — Chamou a atenção dele, que parou ao seu lado — Eu posso estar enganada quanto a isso...

Alfonso: Os números são o que são, Maite — Disse com um sorriso forçado, ajeitando seu paletó — Eles nunca falham.

Maite: Eu não sou especialista em cálculo como você — O lembrou — Eu posso muito bem estar enganada, e isso pode custar o emprego de alguém e eu não quero ser responsável por um erro.

Alfonso: Pois não está — Ele apoiou uma única mão sobre o ombro dela, se inclinando para se despedir com um beijo — Você é a única pessoa em quem confio aqui dentro, e tenho certeza de que sabe disso — Maite assentiu, lentamente — Pois bem, você não sabe de nada disso aqui — Apontou para o papel rabiscado­ — O que acontecer a partir daqui, é responsabilidade minha.

Maite: Por favor — Se levantou, pegando-o pelo braço — Eu sei muito bem o que está se passando nessa sua cabeça — Ele sorriu de canto, sem vida. Como sempre fazia — Me prometa que não vai fazer nada sem pensar muito bem nas consequências...

Crime e desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora