A partir do momento que Anahí colocou o pé para fora de sua casa, com Alfonso em seu encalço, foi impossível não pensar em todas as formas humanamente possíveis de mantê-lo em segurança.
Sabia que ele ainda estava em processo de recuperação, e era impossível de não pensar no quanto isso o deixaria em desvantagem.
Se esquivou pelas ruas, atravessando os becos da cidade, sempre optando pelo lado com sombras.
Anahí parou ao lado de Alfonso, levando as duas mãos a cintura enquanto o olhava.
Era como se só naquele momento, algo importante tivesse lhe vindo a mente.
Tinha os olhos semicerrados, desconfiados, e as sobrancelhas franzidas, enquanto o observava abrir o portão dos fundos, sem ser notado.
— Pronto — Indicou o caminho a ela, que continuou da mesma forma, encarando-o — O que...?
Anahí: Você não ia atirar na própria perna... — A frase saiu carregada de desconfiança — Ia? — Alfonso arqueou uma sobrancelha com diversão.
Alfonso: Você não pagou para ver — Deu de ombros, o que a fez bufar.
Anahí: Não ia! — Cruzou os braços, um bico se formando em seus lábios — Eu sabia que o senhor era do tipo que jogava sujo! — Alfonso riu, olhando atentamente ao redor, notando-os isolados.
Alfonso: Eu não joguei sujo! — Defendeu — O que eu posso fazer, se você se importa demais comigo a ponto de ficar desesperada com a ideia de me ferir?
Anahí: Desesperada? — A palavra saiu esganada, o que novamente o fez rir — O senhor estava no mesmo ambiente que eu? — Alfonso assentiu, tranquilamente — Eu tive que tirar uma arma da mão de uma criança maníaca que estava pronta para atirar no próprio corpo...!
Alfonso: Isso é o seu ponto de vista — Apontou, novamente fazendo-a bufar.
Anahí: E qual o seu ponto de vista? — Desafiou, batendo o pé.
Alfonso: Que você se importa comigo, carinho — Puxou a bochecha dela, citando o apelido.
Anahí: Não toque em mim — Acertou um tapa na mão dele, que novamente riu — Tomara que o senhor dê de cara com a parede — Apontou, esbarrando o ombro contra o corpo de Alfonso para passar por ele — E quebre esse seu maldito nariz empinado — Ele riu, seguindo-a.
Alfonso: Ei! Você diz isso agora porque está com raiva — Fechou novamente o portão, seguindo-a — Mas, eu tenho certeza absoluta que você adora o meu nariz.
Anahí: Mas, olha que coisa...! — Se virou para ele ao perceber que estavam seguros — O senhor é convencido — Levantou um dedo de forma didática — E insuportável! — Alfonso apenas sorriu para ela, sem nenhum dente, totalmente irônico, como a resposta dela — Eu não tenho muita sorte?
Alfonso: Muita sorte, anjo — Bateu o dedo na ponta do nariz dela, que bufou mais uma vez.
Anahí: Cale.essa.boca — Disse pausadamente, antes de apertar o rosto dele, roubando um rápido selinho — E preste atenção por onde anda — Sinalizou para Alfonso, que assentiu.
Era óbvio que se divertia provocando-a da forma que vinha fazendo, mas muito mais importante do que isso, era a segurança dos dois. Por isso, sabia exatamente a hora que tinha que se calar, e focar no que estavam prestes a fazer.
Foi uma insanidade colocar Anahí dentro de sua empresa, da forma que tinha acabado de fazer.
O tanto de coisas que ela poderia encontrar ali, certamente o queimaria por toda a sua vida, fazendo-o se tornar uma carta totalmente fora do baralho para ela.
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Crime e desejo
FanfictionNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...