Aquele seria mais um dia comum de trabalho, mais um dia onde Annabelle entraria muito antes de seu horário para organizar toda a casa, e provavelmente seria a última a sair dali.
A verdade era que Arthur não era a pessoa mais organizada com sua gestão, tampouco parecia entender do que fazia, apesar de se empenhar em fazer seu próprio negócio dar certo.
Era bom em negociações e lidar com todo tipo de gente, mas um verdadeiro caos em manter a conta da casa em ordem, o que acabava sempre sobrando para ela.
Respirou fundo ao encarar a fachada do pub, levando a mão a sua bolsa para procurar suas chaves, sobressaltando ao notar que a porta já estava aberta. E para aquele horário, era totalmente incomum.
Andou com cautela, atenta a todos os cantos e detalhes.
Não tinha sinal de arrombamento, não tinha absolutamente nada fora do lugar, e tudo estava completamente silencioso.
Se esgueirou pelos corredores que davam acesso ao escritório, ouvindo um baixo ruído vindo de dentro do escritório. O único lugar em que ninguém poderia estar, absolutamente tudo daquele negócio estava guardado ali dentro.
Levou as mãos à cabeça, por um momento tentando pensar como Anahí, e como agiria diante daquela situação.
A irmã saberia exatamente o que fazer, e naquele momento, desejou ter a frieza dela diante esse tipo de desafio.
Olhou ao redor a procura de algo que pudesse servir em sua defesa, mas nada encontrou.
Se abaixou, pegando seu sapato e se virando de costas para a porta antes de abri-la de supetão e surpreendendo quem estava ali.
— JESUS! — Saltou assustada, jogando seu sapato na direção dele.
Arthur: Não, sou eu, Arthur — Apontou com divertimento, vendo-a puxar fundo a respiração.
Annabelle: Você parece uma assombração! — Acertou a mão contra peito dele, que se levantou, ainda rindo — Não podia avisar que estaria aqui?
Arthur: Aí perderia a graça, Annabel — Sorriu para ela, que revirou os olhos — Por que chegou tão cedo? — Acompanhou com os olhos o movimento dela, que deixou a bolsa sobre a mesa.
Annabelle: Alguém precisa fazer esses cálculos com seus custos, não é? — Novamente Arthur sorriu para ela, segurando o rosto de Annabelle em suas mãos.
Arthur: Você é a melhor funcionária do mundo! — Beijou a testa de Annabelle.
Annabelle: Graças a Deus você não governa o mundo — Zombou, levantando as mãos — Ou esse caos estaria ainda maior — Arthur riu, voltando a se sentar onde estava.
Arthur: Vem cá — Sinalizou para ela, apontando a cadeira a sua frente — Me explica como você faz isso — Pediu, interessado.
Annabelle: Você quer aprender a fazer esses cálculos? — Arqueou uma sobrancelha, desconfiada. Arthur assentiu com o rosto —Você quer mesmo aprender a cuidar da gestão? — Ele assentiu novamente — Por que? — Se sentou na frente dele — Está pensando em me demitir? — Cruzou os braços, franzindo o nariz em uma careta com o riso de Arthur.
Arthur: Você é a alma desse negócio, Annabel — Abriu seus braços — Nós não existimos sem você — Ela estreitou os olhos, o que o fez rir — Mas eu preciso aprender a cuidar da gestão disso daqui, ou daqui a pouco, ele vai passar de sonho a história — Suspirou ao olhar sua sala.
Annabelle: Tudo bem, eu posso fazer isso — Se ajeitou na cadeira, pegando as planilhas e os comparativos — Não tem muito mistério — Puxou um lápis e a calculadora — Você vai utilizar essas notas, anotar o valor de cada item aqui — Circulou em uma das planilhas — Aqui, você coloca o valor total — Circulou outra linha — E aqui, você compara a sua margem de lucro... Arthur — Estalou os dedos em frente ao rosto dele, ao notar a forma com que ele a encarava.
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Crime e desejo
Fiksi PenggemarNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...