Podia-se dizer que o silêncio daquela sala era ensurdecedor, ao menos para Alfonso, que tinha o ouvido zunindo e a cabeça parecendo girar, tirando todo o seu mundo do eixo.
Nunca sequer passou por sua cabeça que voltaria a ouvir aquela irritante voz, carregada de ironia e deboche, tampouco que ele voltaria em um momento tão inoportuno como aquele.
Se tinha alguém que não podia de maneira alguma saber sobre Anahí, era ele.
— Você me conhece? — Apontou o próprio peito, o que trouxe Alfonso de volta ao momento presente a sua frente — Porque eu não tenho ideia de quem é você, e você claramente parece ter algum tipo de problema comigo — Estreitou seus olhos, analisando-os.
Alfonso: O que? — Franziu o cenho, olhando-a — Como você... — Suspirou — É claro que você sabe — Levantou as mãos — Ele não tem nenhum tipo de problema com você — Anahí cruzou os braços com as sobrancelhas levantadas, enquanto batia um dos pés.
Anahí: Eu nasci ontem, Herrera? — Desviou o olhar, voltando a analisar o homem.
— Me desculpe — Pediu com a mão ao peito, dando um passo a frente — Eu fiz parecer isso? — Sorriu, estendendo uma mão a ela — Não me leve a mal, mas realmente é uma surpresa ver Alfonso Herrera em qualquer tipo de relacionamento com uma mulher — Anahí arqueou uma das sobrancelhas, encarando a mão do homem a sua frente — Eu sou Roy — Sorriu cortês — Tio desse cara ai — Apontou Alfonso com o rosto.
Anahí: Tio? — Olhou Alfonso que suspirou, assentindo.
Alfonso: Roy é irmão de meu pai — Explicou diante do olhar de dúvida dela, que arqueou a sobrancelha com aquela informação.
Anahí: Claro — Alfonso a olhou, intrigado com a ironia na voz dela — Mais um Herrera — Sorriu, apertando a mão do homem — Muito prazer, sou Anahí — Se apresentou, logo desfazendo aquele contato.
Roy: Já ouvi falar sobre você...
Alfonso: Não — Se colocou na frente de Anahí, apontando o dedo para Roy, que levantou as mãos, recuando um passo diante do olhar furioso de Alfonso.
Anahí: Entendi — Forçou um sorriso ao atrair o olhar dos dois — Eu vou deixá-los conversar a sós — Juntou os envelopes espalhados sobre a mesa, saindo o mais rápido possível dali.
Alfonso: O que você está fazendo aqui? — Bateu a porta de sua sala, olhando-o — Você não tinha sumido no mapa?
Roy: Calma, meu querido — Levantou suas mãos — Eu vim apenas visitar minha família — Alegou com o sorriso irônico pregado em seus lábios, o que fez Alfonso bufar ao passar por ele.
Alfonso: Faça-me o favor...
Roy: Bem que seu pai dizia que você seria o ponto fraco — Ignorou, passando por Alfonso — Namorar uma policial, Alfonso? — Negou com a língua, se virando com reprovação — Eu esperava que fosse um pouquinho mais esperto.
Alfonso: Que pena que a sua opinião pouco me importa — Deu de ombros, esboçando o mesmo sorriso debochado — Agora, me faz um favor? — Apontou a porta — Some daqui, e não volte nunca mais.
Roy: Ainda não, meu sobrinho — Se sentou em uma das poltronas, relaxado.
Alfonso: Por Deus, o que você quer para sumir daqui? — Apertou os próprios olhos —Você fez isso tão bem por tantos anos!
Roy: Sim, eu realmente sou muito bom em desaparecer quando me é conveniente — Sorriu, cruzando suas pernas — Mas, agora, eu tenho motivos para continuar aqui — Tamborilou os dedos sobre o encosto de braço da poltrona, tranquilamente.
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Crime e desejo
FanficNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...