Capítulo 42 - One path

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Podia-se dizer que a ficha não caía.

Anahí continuou bons minutos ali, de joelhos. Os olhos correndo de um objeto ao outro, custando a acreditar no resultado que mostrava.

Releu todas as instruções, procurando o seu erro.

Mas, ao seu ver, havia apenas um erro em tudo aquilo.

— O meu erro foi transar sem camisinha com esse senhor — Levou os punhos cerrados aos olhos — Céus, onde foi que eu me meti? — Choramingou, olhando novamente para os testes com o cenho franzido.

Se levantou com um suspiro pesaroso, a ansiedade fazendo seu coração disparar novamente dentro do peito.

Eram tantas coisas que sentia ao mesmo tempo, que se precisasse, jamais saberia descrever uma delas.

— Céus, a minha mãe vai me matar — Levou as mãos ao rosto com o desespero, andando de um lado para o outro dentro do banheiro — Meu pai vai matar Alfonso, sem nem pensar duas vezes — Continuou, pensando em voz alta — Meu Deus! Eu nunca mais vou me livrar desse senhor...! — Disse a última frase com um riso, a ficha agora caindo aos poucos — Eu tenho um pedaço desse senhor dentro de mim — Tocou seu ventre com as pontas de seus dedos, a emoção começando a surgir.

Parou em frente a bancada do banheiro, se olhando no espelho.

Seu corpo era exatamente o mesmo, nada havia mudado. Sequer dava para notar que tinha uma vida sendo gerada ali.

Levou as mãos a barriga, acariciando-a com as pontas de seus dedos, ainda se olhando através do espelho.

Sentiu um arrepio diferente, que tomou todo seu corpo, o sorriso aparecendo em seus lábios, assim como uma única lágrima brotou no canto de seu olho esquerdo, escorrendo rapidamente por sua bochecha.

Estava ali.

— Deus, eu não estou pronta para isso — Mordeu o próprio lábio, elevando os olhos para o teto como em uma prece — Mas obrigada por me dar uma nova chance — Voltou a sorrir, se olhando novamente no espelho — Eu acreditei que nunca mais pudesse acontecer... — Tateou a pele de sua barriga com a ponta de seus dedos — Eu não merecia viver isso.

Seus olhos se arregalaram ao se dar conta de que aquela gravidez não era só dela, Alfonso também fazia parte de tudo isso.

E aí estava mais um desafio: encontrar a melhor forma de contá-lo e envolvê-lo naquela história, sem obrigá-lo a ficar, afinal, aquele era um desejo dela e por mais que Alfonso tivesse o aceitado, ainda não era um plano concreto.

Mas, se ele quisesse, aquela seria a história de toda uma vida que estava apenas iniciando.

— Senhor Herrera, não vale ficar irritado com essa surpresa — Murmurou com diversão, logo meneando o rosto e se desfazendo daquela imagem que encarava no espelho — Céus, vou ter que lidar com dois bebês! — Riu ao imaginar a reação dele, que por conhecê-lo tão bem, parecia incrivelmente óbvia.

Voltou a se ajoelhar no chão do banheiro, recolhendo os testes e as caixas espalhadas, procurando a sacola que as trouxe para jogá-las.

Precisava se livrar de todas as provas, e esperaria o dia amanhecer para encontrar uma forma de lidar com Alfonso e com aquele turbilhão de sentimentos.

— Oi — Ela se virou com o susto, vendo-o bocejar, de pé atrás dela, ainda despertando.

Anahí: Oi? — Arqueou uma sobrancelha, enquanto Alfonso coçava seus olhos, tentando se situar.

Crime e desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora