Capítulo 8 - How much is your soul worth?

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Durante todo o trajeto, Anahí notou a cara fechada de Alfonso, que segurava o volante com tanta força, que era como se ele fosse se partir em suas mãos a qualquer momento.

Os dedos dele estavam brancos, assim como sua expressão dura e empalidecida.

Era um tanto quanto curioso que um homem frio e calculista, como Alfonso era literalmente conhecido, pudesse se abalar com a notícia de um mero acidente.

Logo ele, que não se importava com ninguém. E tudo o que deixava era caos e destruição.

Balançou levemente a cabeça, dispersando os pensamentos de Henry, que pareciam enraizados em sua mente, a fim de confundi-la.

A convivência com Alfonso, mostrava outra face daquele homem que foi descrito como um monstro sem coração.

Talvez ele tivesse um, afinal.

Olhou pelo vidro da janela, a chuva apertando ainda mais, tornando o caminho ainda mais difícil de ser percorrido.

Seguiam por uma extensa estrada de chão, e o carro lutava bravamente para percorrer cada centímetro daquela terra.

Anahí pouco enxergava a sua frente, mas apesar da agonia de ter a sua visão nublada, Alfonso parecia saber perfeitamente o que fazia, e isso de certa forma, lhe passou segurança.

Quando abriu a boca na tentativa de formular uma frase qualquer, cansada daquele silencio ensurdecedor e quase palpável, pôde ver Alfonso frear o carro bruscamente em uma manobra.

Passou sua mão quente pelo vidro gelado, notando estarem estacionados frente a uma enorme casa.

Ao vê-lo abrir a porta e saltar do carro em meio a tempestade, fez o mesmo, seguindo-o.

Alfonso parecia a própria tempestade, inquieto e veloz, entrando como um rompante pela imensa porta da casa.

— Onde está Dani? — Ouviu a voz dele depois de muito tempo, ao questionar um dos funcionários da casa. Anahí franziu o cenho, tentando compreender o idioma em que Alfonso recebeu sua resposta.

E vendo-o partir apressado para outro destino, o seguiu.

Não teve tempo de observar o lugar onde estavam, mas pela estrutura e elegância da casa, pôde ter uma pequena noção do que se tratava.

Tudo era rústico, trabalhado em madeira e com decorações seguindo o mesmo estilo. Tinha quadros grandes, e algumas celas.

Passou as pontas dos dedos sobre a lareira, e um sorriso de canto apareceu em seus lábios. Seria agradável se sentar ali, de frente para ela, com um fogo quente e acolhedor em um dia cinza e frio como aquele estava sendo.

— O que houve? — Anahí levantou os olhos a tempo de ver a voz afobada de Alfonso questionando uma mulher morena, que assoprou a fumaça de seu cigarro — Cristo! — Abanou a fumaça com a mão, e tossiu — Você pode parar com isso? — Tomou o que restava do cigarro da mão dela, jogando no chão e pisando sobre ele.

— É assim que cumprimenta sua mãe, Alfonso? — Negou com o rosto, olhando para o cigarro amassado — É uma pena que não saiba apreciar um bom cigarro — Alfonso respirou fundo, apoiando as mãos na cintura, sem deixar de olhá-la.

Alfonso: Mãe — Anahí franziu o cenho, tombando a cabeça de lado para observar a mulher que acabará de ser chamada de mãe por Alfonso — O que aconteceu aqui de tão urgente? Onde está Dani?

— Eu estou aqui — Surgiu na cozinha, com a expressão confusa. A expressão de Alfonso passando rapidamente de preocupação, a confusão, e Anahí poderia jurar ver os olhos dele faiscarem, após olhá-lo por inteiro com a devida atenção — Não aconteceu nada — O tranquilizou com a voz inocente e infantil — Foi só um susto.

Crime e desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora