Capítulo 31 - An elevator on the way

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Mesmo após uma conversa amigável, Alfonso não se sentia nem um pouco mais confortável com aquela situação.

Depois de sair da sala de Anahí, pegou tudo o que tinha de trabalho a ser resolvido, e decidiu fazer isso de seu apartamento. Ao menos lá, era certeza que não esbarraria com ela a qualquer momento.

Nem mesmo ele entendia o porquê de ter saído de lá, sendo que seu coração parecia trair sua mente, a todo instante, torcendo desesperadamente para que aquele encontro acontecesse. Para que pudesse ao menos vê-la, ainda que de longe.

Mas, ao contrário do que esperava, estar dentro de seu apartamento agora, sem Anahí, parecia ser ainda mais sufocante.

Existia um pedaço dela em cada canto daquele lugar, uma memória para cada um dos cômodos daquela casa.

A parede recém pintada, o piano com as marcas do corpo dela, a cama desarrumada. E o seu verdadeiro fim, foi o par de brincos esquecidos na mesa de cabeceira.

Era pequeno, delicado, imperceptível, fácil de ignorar.

Mas suas memórias eram tão vivas do exato momento, quando aos risos, ela se deitou sobre ele, roubando um beijo rápido após ser rolada naquele lençol, tentando se livrar dos braços de Alfonso, ela levou a mão as orelhas, tirando de forma rápida e simples, deixando-o ali, exatamente onde estava. E até o mais simples dos feitos por ela, parecia majestoso.

Suspirou ao se senta na cama, deixando em um canto a pasta com todo o trabalho que precisava ser feito, mas por um momento, ele só precisava se lamentar.

Se lamentar por algo tão bom estar agora no pause, por algo que encheu sua vida de cor e alegria, agora, parecer falsas memórias, como se nunca tivesse o pertencido.

Nunca havia chegado naquele ponto, era um lugar totalmente desconhecido, onde precisava desbravar e reencontrar o comando da própria vida. Precisava se entender, precisava desesperadamente voltar ao que era antes. Totalmente frio, incapaz de demonstrar qualquer tipo de sentimento.

Ao menos assim, não haveria dor. 

Puxou seu laptop, abrindo seu e-mail e colocando todo seu trabalho em dia. O que o manteve completamente imerso por horas.

Mal se deu conta de que era tarde da noite quando finalizou a última pasta de ordem de serviços a serem analisados.

Buscou por seu celular, conferindo uma a uma todas as notificações.

Eram inúmeras mensagens de Maite, de Lauren, até mesmo Theodore tinha o procurado depois da discussão daquela manhã. Mas não tinha uma só mensagem de Anahí.

E apesar de ser exatamente o que tinha pedido para ela, não podia negar que esperava ao menos um boa noite. Só um sinal de que estaria ali. Um sinal de que ainda esperava por ele, e não era apenas uma ilusão criada por ele. 

Desistindo de qualquer tipo de atenção por parte dela, e cansado de se lamentar, apenas se deitou naquela cama, fechando seus olhos. Sabia que o sono não viria, exatamente como há meses atrás. Mas tentaria, de toda forma.

Todo escape era válido.

Ele era um homem acostumado a lidar com perdas, um homem que já havia passado por todos os tipos de experiências nessa vida. Aprenderia a lidar com uma decepção, com um coração partido? Torcia desesperadamente para que sim.

E foi com essa certeza, que saltou de sua cama assim que o dia começou a amanhecer.

Juntou todas as suas coisas, colocando novamente dentro de uma bolsa, deixando tudo no jeito.

Crime e desejoOnde histórias criam vida. Descubra agora