Havia algo que era de se admirar em Anahí.
Algo totalmente raro, algo que muitos não sabem, nem sequer conhecem.
Ela sabia a hora certa para cada coisa.
Sabia a hora de começar, a hora de parar. Sabia a hora de insistir e a hora de esperar. Sabia a hora de confiar e a hora de investigar. E o principal, sabia quando era a hora de recuar e tirar o time de campo para sua própria segurança.
Esse sempre foi o seu diferencial. E o que a tornava ainda mais perspicaz e eficiente.
E aquele exato momento, era a hora de parar.
Ainda que sua curiosidade estivesse martelando em sua mente, para que encontrasse as respostas, não faria. Aquele não era o momento. As duas próximas semanas não seria o momento.
Ela tinha uma vida agora, e não se resumia mais a trabalho.
Seus olhos foram atraídos para a porta que se abriu, assim como sorriso que a acompanhou.
Alfonso segurava a embalagem com a pizza, mas tinha o rosto vermelho, a respiração ofegante.
A camisa agora estava com os botões abertos, e por mínima que fosse sua vivência em Liverpool, tinha certeza de que não estava calor para aquilo.
Sua primeira reação foi se alarmar, principalmente pelo longo silêncio que ele fez, apoiado a porta, como se recuperasse de algo.
Mas ela esperou.
— Aqui... — Encostou a porta, oferecendo a embalagem a ela. Anahí se levantou, indo encontro dele, que ainda ofegava.
Anahí: Tudo bem? — Analisou de forma cuidadosa, olhando-o por completo.
Alfonso: Eu acabei... — Apoiou as mãos nos joelhos, tragando todo o ar — Eu acabei de descobrir... de descobrir — Repetiu, gesticulando — Quanto tempo levamos para subir... — Não precisou completar a frase, Anahí já ria ao imaginar.
Anahí: Meu Deus...!
Alfonso: Trinta e cinco... trinta e cinco lances, CORRENDO — Sublinhou, e ela mordeu o lábio para conter o riso, apenas concordando — Trinta e cinto...
Anahí: Quanto tempo, amor? — Pediu, curiosa. Ele a fitou por um momento, parecendo indignado que a preocupação dela naquele momento não era o seu bem-estar, mas sim o tempo da subida. Anahí apenas sorriu sem dentes para ele, que revirou seus olhos.
Alfonso: Inacreditável — Levantou seu pulso, conferindo o relógio e mostrando a ela.
Anahí: Hum... admirável — Deslizou um dedo no centro do peito dele, enganchando-o no cós da calça preta — Eu faria em dois a menos — Sorriu, puxando-o, recebendo novamente o olhar indignado de Alfonso.
Alfonso: O... que? — Franziu o cenho, mal percebendo ser conduzido por ela — Eu quase morri para subir correndo, nesse tempo...! — Exasperou, apontando a tela do relógio — Para você me falar que fazia em dois minutos a menos?
Anahí: Sim — Deu de ombros, beijando levemente os lábios dele e o soltando.
Alfonso: Sim? — Ela riu com a entonação da voz dele — Isso é tudo o que tem a dizer?
Anahí: Sim — Novamente balançou os ombros, abrindo a embalagem de pizza.
Alfonso: Sim? Anahí... — Levou a mão ao rosto, apertando a ponte do nariz — Anahí de Deus, você quer me enlouquecer? — Ela gargalhou, se sentando ao chão com o olhar divertido e sapeca — Céus — Riu, se rendendo — O que eu fiz, Deus? — Se ajoelhou a frente dela, se sentando sobre os próprios pés.
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Crime e desejo
Hayran KurguNão se pode ter tudo na vida, e era sobre isso que refletia naquele momento. Mas era exatamente isso o que desejava. A ambição era inimiga da perfeição, assim como a pressa. E pressa, era algo que nenhum dos dois tinha naquele momento. Afinal, crime...