LAURA POV
Estou uma pilha de nervos, a ansiedade me consumia e pensamentos negativos invadiam a minha mente.
— Me preocupo só com essa criança... — Minha mãe diz se aproximando. —...ela é a que mais vai sofrer com tudo isso.
— Mãe não preciso de um sermão agora, ta?! — Digo bufando impaciente.
— Não estou dizendo nenhuma mentira...— Diz num tom de repreensão. —...o que vai dizer quando o juiz questionar o por quê você foi pros Estados Unidos e deixou o Felipe aqui?!
Reviro os olhos e saio da casa sem responder, não me sinto pressionada pela minha mãe como antes o que ja é um alívio mas não tinha paciência para os comentários chatos dela.
40 minutos depois...
Estou a espera da audiência, Chris me mandou uma mensagem desejando boa sorte.
— E ai... — Viro meu olhar ao ouvir a voz de Carlos sorrindo pra mim, ergo a sobrancelha ja avistando a mesma mulher que o peguei no pub.
— É serio?! — Digo num tom de desdém. — Trouxe pra audiência a mulher com quem você estava me traindo?!
— Eu sou a esposa dele! — A piranha diz erguendo o queixo como se fosse motivo de orgulho tal título.
— E eu sinto muito por você! — Sorrio forçado e dou as costas para os dois saindo dali.
6 minutos depois...
A audiência começa e o juiz dá a palavra a Carlos primeiro, tento não surtar ao ouvir cada ladainha que esse idiota fala.
—...ela mal lavava as minhas roupas Sr juiz, acha que ela cuidaria bem do meu filho?! — Ele diz parecendo revoltado, franzo as sobrancelhas e mordo a parte de dentro da bochecha tentando manter a calma.
— Como faria pra cuidar da criança? Consta aqui que você tem um emprego em periodo integral...— O juiz diz.
— Eu procuraria uma babá. — Diz despreocupado e tento a todo custo não bufar por sua resposta.
O juiz me encara e me levanto, suspiro fundo tentando não encarar o Carlos.
— Conheci o Carlos quando eu tinha 15 anos e 5 meses depois fomos morar juntos...— Vejo que o juiz ergue rapidamente as sobrancelhas. —...ele sempre teve seu vício por álcool e isso sempre foi um problema no nosso "casamento".
— A audiencia é sobre o Felipe e não sobre mim...
— Silêncio! Pode continuar Sra. Rodrigues. — O juiz diz e olho pra Carlos com o canto do olho e respiro fundo.
— Todos os sábados ele sumia depois do trabalho sem dar satisfações e só chegava as 10 da noite bêbado...— Encaro o chão. —...muitas dessas vezes nós brigávamos e ele não reagia bem.
— Qual era a reação dele Sra. Rodrigues?
— Me...me humilhava, me mandava embora, me xingava...e quando eu decidia que iria embora ele... — Hesito, eu não devia ter chegado nessa parte.
— Sr juiz isso foi passado, não pode querer me julgar por algo de anos atrás...
— Mais uma interrupção e dou o caso por encerrado Sr Carvalho.
— Ele era muito possessivo e ciumento, mas trazia vários homens pra casa para beberem e depois insinuava que eu estava flertando com eles...
— Como era o comportamento quando a criança nasceu?
— Passei 4 dias no hospital e ele não foi me visitar, a minha mãe esteve comigo durante esse tempo pra me ajudar...em casa de madrugada ele me ajudava com o Felipe porque eu peguei uma infecção e não conseguia me levantar pra pegá-lo.
— Ele parou de beber após isso?
— Não... — Rio fraco ainda encarando o chão. —...ele passou a me deixar mais tempo sozinha na verdade ja que eu não podia sair a noite com o Felipe, então ele decidia sair sozinho e voltar de madrugada.
Escuto Carlos bufar irritado na cadeira, lembranças de todos esses anos aparecem fazendo meu olhos arderem.
— Sra Rodrigues...o Sr Carvalho exige a guarda total da criança, o que a senhorita sugere? — Levanto meu olhar pro juiz.
— Eu não moro aqui, moro em Boston e quero o meu filho comigo...mas eu estaria disposta nas ferias escolares o trazer pra passar tempo com o pai, Felipe adora ele e eu não iria proibir de vê-lo.
— Então eu teria que ficar 1 ano inteiro sem ver o meu filho? — Carlos se levanta.
— Você so estava ligando pra ele 1 vez ao mês quando eu estava em Boston...sera que sente tanta falta dele como diz?
— E será que você esta com ele mesmo como diz ou ele vive com uma babá?
— Silêncio!! — O juiz grita mas sua expressão não era de raiva e sim tédio, ele devia presenciar isso todos os dias. — Podemos ter um acordo hoje e encerrar essa audiencia ou marcaremos outra sessão...
— Eu sou a mãe, ele sempre esteve comigo...o Carlos só estava presente nos dias de folga e mesmo assim não dava tanta atenção pro Felipe, não seria justo nem comigo e nem com o meu filho!
— Então eu que tenho que pagar o pato e ficar sem o meu filho?!
— Você só ta pensando em você! Nem sequer ligou pro Felipe desde que cheguei aqui!
— Eu dou por encerrada essa sessão!... — Encaramos o juíz e meu coração erra uma batida. —...depois de analisar o perfil de ambos e suas declarações eu tenho o veredito...
Minha boca fica seca e a ansiedade me consumia, eu nunca tive pressão alta mas acho que eu estava perto de ter uma.
— É bem conveniente que a guarda total da crianca fique com a mãe ja que a tal pode suprir as necessidades de atenção que a criança precisa... — Sorrio e escuto Carlos bufar.
— E quanto a mim Sr juiz?!
— Nos Estados Unidos as crianças tem ferias de 3 meses...o senhor estaria de acordo em ficar esse tempo com a criança? — Carlos parece pensar.
— Felipe tem uma professora particular...podemos alterar esses 3 meses pra 3 vezes ao ano. — Digo tentando entrar num acordo, 3 meses longe de Felipe não seria legal.
Carlos me encara com a mão na cintura e suspira assentindo, sorrio rapidamente e encaro o juiz que parecia estar doido pra acabar com isso.
— Então temos um acordo!
15 minutos depois...
Saio da audiência parecendo que tirei uma tonelada das costas, tento ligar pro Chris pra contar a notícia mas ele não atende.
— Laura! — Me viro avistando Carlos se aproximando, o que essa criatura quer agora?
— Sim? — Digo com o celular no ouvido.
— Desculpa...não devia ter chegado a esse ponto... — Diz e o tédio era visível no meu rosto, tento ligar mais uma vez pro Chris e coloco o celular no ouvido. —...mas aquela jornalista me garantiu que você não vivia com o Felipe e o deixava com uma babá enquanto dormia na casa do namorado.
Encaro Carlos atentamente depois de seu comentário, mas quando eu estava prestes a questionar alguém atende a ligação e escuto a voz de quem eu menos esperava...
— Alô?! — Anna diz na outra linha.
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Amor Ao Acaso
RomanceLaura é uma mãe solteira que decide recomeçar sua vida nos Estados Unidos trabalhando como faxineira, o que ela não esperava é que essa decisão daria uma grande reviravolta em sua vida marcada por abusos psicológicos e traumas.