Laura é uma mãe solteira que decide recomeçar sua vida nos Estados Unidos trabalhando como faxineira, o que ela não esperava é que essa decisão daria uma grande reviravolta em sua vida marcada por abusos psicológicos e traumas.
Eu não consegui dormir durante o vôo, não parava de pensar que não vou ver meu filho por meses e que havia 50% de chance de tudo dar errado e eu morar debaixo da ponte.
Durante as longas horas de vôo eu e Mirella contamos sobre nossa vida, bem...eu resumi a minha porque dá uma boa série de 10 temporadas, mas pude conhecer melhor a minha mais nova amiga, Mirella mora em Boston há 3 anos e trabalha como cozinheira em um restaurante.
— Então o quê você ta achando? É bem diferente do Brasil não é?! — Pergunta ao chegarmos em sua casa.
— É lindo...sem sujeira nas ruas, sem aquele barulho de trânsito. — Rimos. — Vou me acostumar fácil aqui.
— Isso é otimo...quando começa o seu trabalho? — Se senta depois de se servir com um chá.
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— Daqui 2 dias, por mim ja começaria amanhã, só o que quero é ocupar minha mente.
Instalo meu novo chip e mando uma mensagem pra minha mãe avisando que cheguei, desfaço minha mala e começo a organizar tudo no meu novo quarto.
4 dias depois...
Eu achei que trabalhar como faxineira seria como no Brasil, casas imundas e um pagamento péssimo, mas está sendo ótimo, as casas são limpas, só precisando de uma pequena limpeza e organização.
— Eu já estou indo ok?! — Aviso a dona da casa, estou enferrujada no meu inglês mas agora tenho motivos pra praticar.
— Perfeito, muito obrigada e darei um bom feedback pro Aurélio. — Ela diz com um sorriso simpático, Aurélio é o dono da empresa que me contratou.
Saio dali e não era nem 13:00pm, eu ainda podia limpar mais duas casas.
17:06...
Chego em casa e apesar do cansaço eu estava satisfeita, fiz um bom dinheiro e ainda poderia ter algum lazer agora a noite. Mirella só chegaria mais tarde, tomo um banho, troco de roupa e preparo qualquer coisa pra comer, resolvo fazer uma chamada de vídeo, eu precisava ver o rostinho de uma pessoa.
— Oi, ta tudo bem filha? — Minha mãe diz ao me ver e eu sorrio.
— Oi mãe, tudo ótimo! Acabei de chegar do trabalho.
— E como é esse trabalho? Acha que vai conseguir se manter? — Pergunta e sei que dependendo do que eu responder ela vai implicar de algum jeito.
— Eu limpo casas mãe...e é otimo porque as casas são bem limpinhas, só preciso passar um pano e um aspirador de pó. — Sorrio forçado.
— Você foi para os Estados Unidos pra trabalhar de doméstica?! Poderia ter feito isso aqui! — Diz com ironia.
— Não é a mesma coisa mãe! No Brasil eu pegaria uma casa imunda e ganharia bem menos...aqui eu termino em 2 horas e ganho o triplo. — Reviro os olhos.
— Não sei...eu nunca quis essa vida pra você...trabalhar de doméstica meu Deus. — Sinto o desgosto em sua voz.
— Eu quero falar com o Felipe, passa o celular pra ele por favor. — Mudo o assunto.
Longos segundos se passam até eu ver o motivo de eu estar aqui limpando privada, rio ao ter esse pensamento.
— Mamãe hoje foi dia do brinquedo na escola e eu levei meu Capitão América. — Diz animado ao aparecer na tela.
— Que bom filho...— Sorrio emocionada. — ...você ta se comportando?
— Sim, eu comi o almoço todo hoje!
— Filho...seu pai já foi ver você? — Pergunto ja sabendo qual será a resposta.
— Não. — Diz inocentemente, canalha! 2 semanas e nem quis saber como está nosso filho.
Conversamos por mais alguns minutos e desligamos, termino de comer meu macarrão com nuggets e tento procurar mais alguma coisa pra comer, eu tenho que parar de descontar minhas emoções em comida!
1 semana depois...
Aurélio me pediu que eu o encontrasse em sua pequena empresa, estranhei mas fui, espero que não seja uma má notícia.
— Eu estou bem surpreso pelos feedbacks que ando recebendo sobre você Laura...faz um bom serviço, educada e fala inglês. — Aurélio diz e eu sorrio. — Daqui um tempo você poderá ser minha concorrente e abrir sua própria empresa.
Rimos, eu realmente ainda não havia pensado em algo assim mas com certeza não abriria uma empresa de limpeza.
— A Senhorita Johnes indicou a empresa pra um amigo, mas fez questão que fosse você a fazer o serviço. — Ergo as sobrancelhas de surpresa.
— Fico feliz. — Sorrio, eu não sabia o que dizer, não é como se eu recebesse um bônus por isso.
— DEVE ficar meu bem, é o dobro do valor e será fixo uma vez por semana. — Diz firme me encarando e eu franzo o cenho. — Mas tem alguns "poréns", por isso te chamei aqui.
— Poréns? — Vejo ele puxar uma folha da gaveta.
— É uma pessoa bem importante, então terá que assinar um termo de confidencialidade, não poderá usar celular, tirar fotos e nenhuma palavra do que ver e ouvir lá.
Franzo o cenho e um certo receio me vem a mente, e se for um mafioso?
— Não me olha assim querida, nem eu sei de quem se trata, e eu também tive que assinar esse termo. — Diz e desliza o papel em minha direção.
Leio atentamente cada parágrafo e é basicamente o que Aurélio disse, não poderei usar celular, e ser confidencial com o que ver e ouvir nessa casa.
Assino meio incerta, eu só espero não me arrepender.
— Ótimo, eu te mandarei uma mensagem do dia e endereço...e acho bom você tirar logo sua carteira porque é bem importante.
Assinto e saio de lá com a cabeça em mil pensamentos, será que eu me meti numa cilada?
Ao chegar em casa encontro Mirella na cozinha. — Você chegou!
— Achei que na suas folgas você iria querer fazer de tudo menos cozinhar. — Rio e ela faz uma careta.
— Estou testando um prato diferente, e também precisamos comer não é?! Por que não unir o útil ao agradável?
— Nisso você tem razão! — Me encosto na ilha da cozinha a observando cozinhar.
— Sabe, fui chamada pra uma festa de aniversário, o quê acha de ir comigo?
— Ah não, não...— Rio fraco gesticulando com as mãos. — ...nada de festas pra mim.
— Vai por mim, as festas daqui não chegam nem perto das festas do Brasil...e vai ser bom pra conhecer pessoas.
Penso por um breve momento e ela pode ter razão, será bom pra conhecer pessoas e assim arrumar um trabalho melhor talvez.
— Tudo bem. — Digo e ela assente sorrindo.
— Quem sabe essa festa não seja o verdadeiro "start" na sua vida. — Diz distraidamente.
