𝐷𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑜

989 56 20
                                    

𝑆𝑒𝑟𝑖𝑎 𝑜 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑜 𝑑𝑒𝑙𝑎 𝑎𝑐𝑎𝑏𝑎𝑟 𝑠𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑎?

De vez em quando, o destino nos prega algumas peças, onde achávamos que estávamos controlando o que queríamos para o futuro, na verdade, o destino estava traçado para ser diferente do que imaginamos.

Como seria ver a família que você construiu durante 30 anos se acabar pela volta da primeira esposa em apenas algumas semanas?

Sentada na varanda do quarto, observando o movimentar lento das nuvens no céu claro daquela manhã, era o que se passava na cabeça da senhora La Selva.

𝐶𝑜𝑚𝑜 𝑒𝑙𝑒 𝑡𝑒𝑚 𝑐𝑜𝑟𝑎𝑔𝑒𝑚 𝑑𝑒 𝑡𝑟𝑜𝑐𝑎𝑟 30 𝑑𝑒 ℎ𝑖𝑠𝑡𝑜́𝑟𝑖𝑎 𝑝𝑜𝑟 𝑢𝑚𝑎 𝑝𝑎𝑖𝑥𝑎̃𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑔𝑒𝑖𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑢𝑚 𝑎𝑚𝑜𝑟 𝑑𝑜 𝑝𝑎𝑠𝑠𝑎𝑑𝑜?

Aquela pergunta rondava não somente dia cabeça, mas também seu coração magoado com tudo.

De pernas para cima e abraçando seus joelhos, ela enterrou a cabeça entre eles e suspirou pesadamente.

𝐸𝑟𝑎 𝑠𝑒𝑢 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑜 𝑡𝑒𝑟𝑚𝑖𝑛𝑎𝑟 𝑠𝑜𝑧𝑖𝑛ℎ𝑎? 𝑆𝑒𝑚 𝑜 𝑓𝑖𝑙ℎ𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑚𝑎𝑖𝑠 𝑎𝑚𝑎𝑣𝑎? 𝑆𝑒𝑚 𝑜 ℎ𝑜𝑚𝑒𝑚 𝑞𝑢𝑒 𝑎𝑚𝑎? 𝐴𝑔𝑎𝑡ℎ𝑎 𝑖𝑟𝑖𝑎 𝑣𝑒𝑛𝑐𝑒𝑟 𝑠𝑒𝑢 𝑑𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑜 𝑒 𝑓𝑖𝑐𝑎𝑟 𝑐𝑜𝑚 𝑡𝑢𝑑𝑜 𝑜 𝑞𝑢𝑒 𝑒𝑙𝑎 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑟𝑢𝑖𝑢?

Sua cabeça rodava em perguntas diversas, não sabia o que fazer, era como um barco, perdido em meio ao imenso oceano, perdido no meio do nada e sem ninguém para socorrer.

Seus olhos seguiram para o horizonte a sua frente, se levantou de sua poltrona e correu os olhos pela varanda do quarto, seus braços abraçaram seu corpo, e era somente isso que ela queria, um abraço verdadeiro.

As lágrimas encheram seus olhos, por se lembrar das palavras do marido no dia do enterro de seu filho mais amado.

"𝑁𝑖𝑛𝑔𝑢𝑒𝑚 𝑐ℎ𝑒𝑔𝑎 𝑎𝑜𝑠 𝑝𝑒́𝑠 𝑑𝑒𝑙𝑎, 𝑣𝑜𝑐𝑒̂ 𝑚𝑒𝑛𝑜𝑠 𝑞𝑢𝑒 𝑞𝑢𝑎𝑙𝑞𝑢𝑒𝑟 𝑜𝑢𝑡𝑟𝑎"

Estava cansada de viver a sombra de outra mulher na vida de Antônio, estava cansada de ser submissa aos caprichos dele por dizer que Agatha era melhor do que ela.

Era doloroso demais pensar que Antônio ainda amava a primeira esposa, mas ele não nutria nenhum sentimento por ela ? Nem ao menos carinho?

Em quase 30 anos de casados Irene havia aprendido amar aquele homem bruto e cheio de manias e seus jeitos, tinha se apaixonado pela forma que ele era quando estavam sozinhos. Antônio sabia ser carinhoso quando queria, sabia trata-la bem quando queria, sabia cuidar dela quando queria, mesmo que não fosse sempre assim.

Ouviu o barulho do carro do marido se aproximar e olhou para baixo estranhando a chegada cedo dele, suspirou e limpou o rosto com as mãos e ajeitou os cabelos.

Caminhou apressada para a penteadeira e retocou os borrados de seus olhos com uma maquiagem leve, olhou-de no espelho e forçou um sorriso enquanto se olhava.

Ajeitou o vestido branco que usava e saiu do cômodo, desceu as escadas quase que correndo para chegar na sala antes do marido, queria ve-lo, ao se sentar no sofá, ela suspirou e abriu a tela do tablet apenas para fingir costume.

Adentrando a sala, Antônio sentiu que havia algo diferente no ambiente de sua casa, ele olhou o sofá e encontrou com a esposa sentada com seu tablet em mãos enquanto lia alguma notícia.

𝐷𝑒𝑠𝑡𝑖𝑛𝑜Onde histórias criam vida. Descubra agora